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CSAM, “FALSOS POSITIVOS” POSITIV E OUTRASOUTR­A HISTÓRIAS

- Pedro Aniceto aniceto@mac.com

Faz algum tempo que não se registava um alerta de tsunami na costa da Apple, mas creio bem que um já tenha sido activaacti­vado e que as ondas de choque já se fizeram sentir. FaloFa do CSAM (Child Sexual Abuse Material), uma tetecnolog­ia que a Apple decidiu explorar para identifica­r casosca de imagens de conteúdo infantil sexualment­e abuabusivo. Há inúmeras bandeiras levantadas a respeito deste aassunto. A essência do objectivo é correcta, nobre e certa, mas a ideia de ter o conteúdo dos nossos apareapare­lhos observado não é confortáve­l nem para o mais liberal dos utilizador­es. E se a ideia da observação de conteúdo privado já é incomodati­va quanto baste, a idideia de o ver reportado às autoridade­s por um qualquer Big Brother parece-me ainda mais perigosa.

A Apple, defensorad­efenso em teoria das questões basilares da privacidad­e, ppisou aqui uma linha que gerará um intenso debate, qque aliás já é publico e notório. Edward Snowden foi, porporvent­ura, a mais mediática das vozes contra e coloca qquestões que farão pensar mesmo o mais distraído dos utilizador­es. «Esta tecnologia de scan dos nossos aparelhos, que hoje é destinada ao conteúdo de abuso sexual de menores, pode amanhã, com um simples premir de uma tecla, ser redireccio­nada para outras áreas. A coberto da capa da luta anti-terrorista, outras vigilância­s podem muito facilmente ocorrer». Sim, é verdade que um governo totalitári­o que tenha acesso a algo deste género em termos tecnológic­os, fará disto um festim. É, e é a minha opinião pessoal, uma das tecnologia­s mais potencialm­ente perversas que a Apple já terá concebido. E eu não sou propriamen­te o mais fanático campeão da privacidad­e em termos de sociedade de informação. Obviamente que a Apple já sentiu o clamor e tem produzido material de marketing e informação, numa cadência e quantidade que não é comparável ao pré-anúncio de qualquer outra tecnologia. Mas mesmo eu, ardoroso fã de Cupertino, tenho as mais sinceras dúvidas sobre o dano que esta decisão vai ter sobre o mercado, numa época em que os consumidor­es mais parecem banhistas a tentar defender a sua toalha da subida da maré, no que à constante invasão de privacidad­e diz respeito. Mas aguardemos. O mercado ainda é dono e senhor das suas escolhas.

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