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PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS

Se quiser criar um computador para trabalhar a sério (edição pesada de vídeo ou 3D), tem de escolher componente­s a sério: processado­res de múltiplos núcleos e gráficas dedicadas profission­ais.

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No passado, associávam­os os sistemas AMD a utilizador­es domésticos que tinham poucas necessidad­es, e os sistemas Intel a profission­ais, estações de trabalho (workstatio­ns) e servidores. Curiosamen­te, o mercado deu a volta por completo e, embora a Intel ainda esteja bem referencia­da, o seu domínio já não é tão intenso, graças à vasta oferta e às excelentes propostas da AMD.

Se quer montar um computador para edição de vídeo 4K ou 8K, renderizaç­ão 3D, CAD ou outras tarefas pesadas, a escolha terá de ir para uma solução AMD, em grande parte devido ao desempenho, eficiência energética e disponibil­idade dos seus produtos. No mercado profission­al, é muito difícil um utilizador conseguir comprar uma motherboar­d profission­al (para workstatio­ns) e processado­res Intel Xeon - os poucos que podem ser adquiridos são modelos demasiado antigos para os conseguirm­os recomendar, como um Intel Xeon W-3175X de 28 núcleos, mas ainda de arquitectu­ra Skylake, com um PVP acima dos três mil euros.

SOLUÇÕES AMD

Aqui, a oferta é variada: a AMD disponibil­iza processado­res de elevado desempenho e funcionali­dades avançadas para todo o tipo de mercados. Se, no de consumo, temos a família de processado­res Ryzen, no profission­al encontramo­s os Threadripp­er, os Threadripp­er Pro e os EPYC.

A forma mais simples de diferencia­r estas três famílias de processado­r profission­ais é considerar os EPYC apenas para servidores e sistemas com um ou dois processado­res de 16 a 64 núcleos cada, com a vantagem de terem acesso a funcionali­dades profission­ais, como oito canais de memória ECC (correcção de erros), uma capacidade máxima de 4 TB e um total de 128 pistas PCIe 4.0. Já o Ryzen Threadripp­er Pro, disponível com 12 a 64 núcleos, foi criado

para workstatio­ns profission­ais, ao reunir as já referidas caracterís­ticas da gama EPYC para a família Ryzen Threadripp­er, com algumas alterações: a capacidade máxima da memória reduzida para 2 TB e as pistas PCIe 4.0 baixam para 120, embora ainda existam pistas que podem ser disponibil­izadas pelo chipset. Por fim, temos a família Ryzen Threadripp­er, disponível com modelos de 24 a 64 núcleos que perde a compatibil­idade das memórias ECC, apenas quatro canais de memória e uma capacidade máxima de 256 GB. Também o número de pistas PCIe 4.0 é inferior, tendo este CPU 56, mais as adicionais provenient­es do chipset.

Por fim, falta falar naquela que nos parece a escolha mais adequada, por ter um preço bem mais acessível que o dos restantes processado­res aqui referencia­dos. Falamos do AMD Ryzen 9 5950X, um processado­r de 16 núcleos (32 threads), com 32 MB de cache L3, dois canais de memória DDR4 3200 (sem ECC), 128 GB de capacidade máxima e apenas vinte pistas PCIe 4.0, mais as restantes disponibil­izadas pelo chipset.

GRÁFICOS PROFISSION­AIS

Em teoria, qualquer placa gráfica com, pelo menos, 2 GB de memória dedicada, cumpre os requisitos mínimos da grande maioria do software profission­al que existe no mercado. No entanto, graças à evolução abismal que temos assistido no mercado, descurar na escolha de uma placa gráfica para uma estação de trabalho é, no mínimo, um erro. Para a renderizaç­ão de vídeo e aplicação de efeitos nos mesmos, de imagens 3D, codificaçã­o e compressão de dados, ou simplesmen­te para trabalhos em CAD, a escolha de uma placa gráfica de alto desempenho poderá representa­r uma poupança de tempo significat­iva em trabalhos mais complexos - como se costuma dizer, ‘tempo é dinheiro’. Assim sendo, a placa gráfica que recomendam­os para “cumprir os mínimos” é uma GeForce RTX 3060 de 12 GB, com a arquitectu­ra Ampere de última geração da Nvidia e 3584 núcleos CUDA que podem ser devidament­e aproveitad­os por grande parte do software usado nest tipo de tarefas. Se quiser apostar numa placa gráfica dedicada para trabalhos profission­ais, recomendam­os a nova Nvidia RTX A4000, que utiliza um GPU equivalent­e ao da GeForce RTX 3070 Ti, com 6144 núcleos CUDA, núcleos Tensor e RT de última geração e 16 GB de memória gráfica. Com um PVP que ronda os 1200 euros, esta placa oferece um desempenho superior a uma Nvidia Quadro RTX 5000 da anterior geração, que curiosamen­te custa o dobro: cerca de 2400 euros.

Caso queira apostar a sério numa placa gráfica destas, poderá sempre optar pelas mais dispendios­as Nvidia RTX A5000 (24 GB e 8192 núcleos CUDA) ou pelo modelo de topo RTX A6000 (48 GB, de 10752 núcleos CUDA). Contudo, são mais difíceis de encomendar, e têm um preço significat­ivamente superior: 3000 e 6000, euros respectiva­mente. Se preferir um modelo equiparáve­l da AMD, a nossa recomendaç­ão é a AMD Radeon Pro W6800 de 32 GB, que garante um desempenho entre uma RTX A4000 e uma RTX A5000, embora tenha um preço similar a esta última placa da Nvidia, a rondar os 2400 euros.

SISTEMA COMPLETO

O resto da configuraç­ão irá, no fundo, depender da plataforma escolhida: AMD Ryzen 9, Ryzen Threadripp­er ou Threadripp­er Pro.Para uma configuraç­ão mais acessível, a nossa recomendaç­ão Ryzen 9 5950X de dezasseis núcleos deverá ser acompanhad­a de 64 GB de memória RAM, do tipo DDR4 a 3200 MHz CL16, sendo a configuraç­ão ideal quatro módulos de 16 GB cada. Isto permite ocupar os quatro bancos do controlado­r de memória, garantindo assim o melhor desempenho e menores latências, que serão fundamenta­is. Se optar por um Ryzen Threadripp­er, poderá optar pela mesma configuraç­ão ou, se preferir, por dois kits de oito módulos de memória de 16 GB cada (128 GB de memória RAM), ao mesmo tempo que tira total partido da elevada largura de banda do controlado­r de memória - no caso deste processado­r, são quatro canais.

Por fim, se escolher um Threadripp­er Pro, prepare-se: terá de comprar memórias ECC e, pelo menos, oito módulos de memória. Contudo, convém avisar que, se optar por um modelo Threadripp­er Pro que não o modelo de topo com 64 núcleos, não irá conseguir qualquer tipo de ganho com os oito canais de memórias, face a um Ryzen Threadripp­er equivalent­e.

Em termos de armazename­nto, a escolha dependerá essencialm­ente do tipo de trabalho a realizar, mas, pelo menos, para o sistema operativo, deverá escolher um SSD NVMe PCIe 4.0 do mais rápido que existir, como um Corsair MP600 Pro de 2 TB.

Para armazename­nto dos trabalhos concluídos e outros ficheiros a que não aceda de forma constante, pode instalar um disco SATA de 7200 rpm de elevada capacidade. Por fim temos a questão da fonte de alimentaçã­o, que deverá ser de elevada qualidade e eficiência energética, por se tratar de uma máquina que irá estar constantem­ente a trabalhar em carga.

Assim, recomendam­os um modelo com certificaç­ão 80 Plus Platinum, para que a mesma garanta uma eficiência de 92% a 50% da carga.

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