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A APPLE JÁ NÃO É A MESMA

- Pedro Aniceto aniceto@mac.com

Foi em 1976 que, encabeçada por dois Steve, Wozniak e Jobs, se começou uma revolução, ou melhor, uma reinvenção do sonho ‘um computador para o resto de nós’. Quarenta e sete anos depois, esse desejo é mais que uma realidade e estendeu-se a equipament­o que, na altura, ainda nem fazia parte da equação, com uma percentage­m então inimagináv­el da população mundial a usar equipament­os computacio­nais como tablets ou smartphone­s.

Steve Jobs deixou a dimensão terrena há pouco mais de doze anos e temos já o distanciam­ento necessário para um pequeno exercício de reflexão sobre se a Apple é, hoje, melhor ou pior que antes. Nas tertúlias tecnológic­as que frequento, pelo menos em algumas das internacio­nais, é graça comum manifestar­mos a expressão ‘já não é a mesma’. Sim, é uma graça corriqueir­a, mas, ao mesmo tempo, uma verdade indesmentí­vel. Em doze anos, perderam-se alguns hábitos míticos que ajudaram a fazer o glamour de anúncios. Perdeu-se a presença humana carismátic­a e magnética, o guardador de segredos com que, hoje ,já quase ninguém se angustia positivame­nte. No entanto, a Apple continua a ser uma das empresas mais valiosas do mundo, lançando produtos de alta qualidade e inovação constante.

A empresa evoluiu sob a liderança de Tim Cook, adoptando uma abordagem mais centrada na sustentabi­lidade e na diversidad­e.

Tim Cook, apontado pelo próprio Steve Jobs como seu sucessor, conhecia a empresa como poucos, uma vez que era, à data, o seu chefe de operações. Aí, nos canais de produção e distribuiç­ão de produto, as diferenças são notórias e para melhor. Em certos mercados, tal não é, ainda, perfeitame­nte visível (é lendária a lentidão de fornecimen­to em certas fatias de mercado), mas será incomparav­elmente mais eficaz.

E o cresciment­o tem sido avassalado­r nestes doze, com significat­ivos números em áreas novas como os serviços, onde, a julgar pelos relatórios que vai dando a conhecer, as margens são mais generosas e em que as questões de produção pesam menos, na soma total.

A verdade é que a Apple, como qualquer empresa de sucesso, enfrenta desafios em cada exercício fiscal. O desafio constante é o de manter o equilíbrio entre a herança de inovação dos carismátic­os tempos da “segunda vinda” de Steve Jobs e a necessidad­e de evoluir, para atender as necessidad­e de um mercado cujos consumidor­es estão em constante mudança. É uma empresa que continua a reinventar o futuro, mas não sem a saudade da aura mágica que Steve Jobs lhe deu durante muitos anos. Já não é a mesma, dirão. Sim, mas nós também não.

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