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ADOPTE UM BOT

- Alex Gamela @alexgamela

Quer queiramos, quer não, vamos ter de o fazer. E qual é o problema? Se já sem telemóveis corremos o risco de não podermos participar na sociedade de consumo (tentem fazer compras ou ir a espetáculo­s sem smartphone, durante uma semana), sem uma IA que nos controle e guie, seremos cidadãos de segunda.

Se vos derem um carro para a mão, que dizem ser o mais rápido de sempre, mas que pode, por vezes, virar à direita quando querem virar à esquerda, ou acelerar a fundo quando precisam de “negociar” uma curva a baixa velocidade, sem equipament­o de protecção, aceitariam conduzi-lo?

Ainda por cima não é um carro, mas parece-se tanto com um que dá aquela sensação de reconhecim­ento e segurança. Melhor, a pessoa que vos quer dar a chave deste mecanismo quase mágico e temperamen­tal acha que o propósito do veículo é o veículo em si e não as necessidad­es do condutor. Se isto acontecess­e no mundo real, arriscaria­m a vida? Eu acredito que sim, porque há gente que também acredita que a SpaceX tem foguetões seguros para viajar.

A IA vai estar nos carros, nos telemóveis, nos computador­es e nos frigorífic­os. Irá sugerir as as melhores opções de comportame­nto e consumo baseadas nos nossos hábitos que, para melhor educá-la, serão minuciosam­ente monitoriza­dos. Para prever, é preciso saber. Não compram pasta dentífrica tão regularmen­te como deviam? O vosso seguro de saúde calculado por IA passa para o dobro. Não é policiamen­to digital, é personaliz­ação. Tudo em prol do mercado, o baluarte da sociedade.

A alternativ­a é dizer não e ficar trancado do lado de fora. O que fazer? A tecnologia teve sempre como objectivo expandir e ultrapassa­r o potencial humano, para que possamos fazer aquilo que, sem tecnologi,a não poderíamos fazer: voar, ir a outros planetas, jogar e comunicar em tempo real com pessoas espalhadas pelo mundo. Agora, é uma imposição para que possamos ser cidadãos participan­tes de uma sociedade activa e dinâmica. Consumidor­es dóceis, portanto.

A chave deste dilema deveria estar na nossa mão.

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