Record (Portugal)

E QUANDO CHEGOU O MINUTO 87 ...

Flavienses entraram a todo o gás e foi Beto quem salvou os leões no primeiro quarto de hora. Confirmou-se o nervosismo leonino: reação logo após o empate de sábado acabou por funcionar como um tiro dado nos próprios pés

- CRÓNICA DE JOSÉ RIBEIRO

A história pode não se repetir em todos os seus pormenores, mas naqueles que são essenciais, repete-se muitas vezes. Ontem, em Chaves, o Desportivo voltou a marcar no minuto 87, tal como no sábado. Mas se no confronto da Liga o golo de Fábio Martins ‘só’ valeu o empate, ontem o golpe de cabeça de Carlos Ponck deu direito a passagem às meias-finais da Taça de Portugal. Ah! um pormenor que se repetiu: Coates voltou a estar envolvido no momento capital. Desta vez com culpas próprias, ao contrário do que sucedera no sábado. A história, ainda que com outros protagonis­tas, repetiu-se da mesma forma dramática para os leões.

Fábio ‘on fire’

O jogo de ontem foi lançado em bases diferentes: o Desportivo estava em alta pela forma como fez os últimos minutos do desafio da Liga; o Sporting tentava levantarse. Jesus, ainda fora do banco, fez cinco alterações no onze (uma forçada, a de Rúben Semedo por Paulo Oliveira), enquanto o técnico flaviense optou apenas por mudar os guarda-redes (a entrada de Davidson deu-se por lesão de William). A reação forte do Sporting, pedida pelo capitão Adrien, não se viu. Continuou, isso sim, a ser o Chaves a mostrar ‘ganância’ pelo golo. E, neste particular, Fábio Martins esteve endiabrado no primeiro quarto de hora, valendo Beto que, com duas grandes defesas, manteve o leão a ‘respirar’. O que sucedeu após o jogo de sábado deixou marcas nos jogadores leoninos. Percebia-se, a cada lance, o receio de errar, o que os levava a optar sempre pelo simples e óbvio, para mais depois do ‘assalto’ feito pelo adversário logo de entrada. Em rigor, o Sporting ‘subiu’ ao relvado perto dos 20 minutos e depois de equilibrar as coisas partiu, por fim, em busca do golo. Gelson esteve muito perto (27’), mas esse lance não serviu de rastilho.

Chegam as lesões

Jefferson, primeiro, e André, depois, saíram lesionados ainda antes do intervalo, obrigando a uma aposta prematura em Bruno César e Campbell. Curiosamen­te, tais mudanças ajudaram o Sporting a ser mais equipa na segunda parte. Durante meia hora o jogo foi amplamente dominado pelos leões, mas essa superiorid­ade não se traduziu em lances de perigo na área contrária. Houve domínio, houve mais bola e mais cantos, mas remates nem vê-los. E existe uma explicação para isso: Bas Dost torna-se letal quando servido a partir

MUDARAM ALGUNS DOS PROTAGONIS­TAS MAS A HISTÓRIA VOLTOU A SER DRAMÁTICA PARA OS LEÕES

das laterais, mas perfeitame­nte inofensivo se a bola lhe é colocada na vertical. Ora, o Chaves fechou muito bem os corredores, utilizando quase sempre os extremos como segundos laterais. Por isso Gelson não fez grande diferença e menos ainda se viu Campbell.

Sem soluções

Percebendo que o Sporting tinha bola mas não conseguia soluções para finalizar, o Chaves protegeuse, deixou o tempo correr e guardou-se para as bolas paradas (Patrão saltou do banco ‘só’ para bater livres e cantos). Se nas defensivas levava sempre a melhor (em seis cantos só Dost conseguiu uma finalizaçã­o), a probabilid­ade de ganhar alguma na área contrária também era grande. Para mais com Beto inferioriz­ado (deixou Coates bater um pontapé de baliza, este colocou nos pés de Braga e Beto teve de fazer a defesa da noite, aos 80’). E, de facto, cinco minutos antes do golo de Ponck, na sequência de um livre lateral, Freire atirou de cabeça ao lado, após pontapé de canto. Ou seja: os da casa souberam jogar com as poucas mais-valias que tinham. E ganharam dessa forma. *

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