A LENDA DO CHIROLA COMEÇOU HÁ 20 ANOS
YAZALDE MORREU A 18 DE JUNHO DE 1997 Os seus 46 golos em 1973/74 ainda são recorde no campeonato português. E valeram a Bota de Ouro
Morre o homem, nasce a lenda. Com Yazalde, isso aconteceu há 20 anos. O antigo craque do Sporting e da seleção argentina sofria de cirrose hepática e desapareceu, em Buenos Aires, a 18 de junho de 1997, vítima de hemorragia e paragem cardíaca. O final trágico e a infância de pobreza, feita de trocos (ou ‘chirolas’) que ganhava a ajudar a família, não impediram o ponta-de-lança de fazer história pediu, a 29 de maio de 1975, com o mesmo adversário, deixou um rasto de destruição que fala por si: 104 golos em 104 jogos da Liga; 126 em 131 no total.
Não é unânime que tenha sido o melhor estrangeiro a passar por Alvalade (há quem prefira Balakov, por exemplo) mas foi, desde logo, o primeiro com essa origem a participar num Mundial (1974) como jogador de um clube portu- guês. Um pormenor, se pensarmos no que o levou a ser convocado: a conquista da Bota de Ouro, em 1973/74, fruto de 46 golos no campeonato, um recorde absoluto que perdura a nível interno e que, nessa época, talvez a de maior sucesso na história do Sporting, permitiu a Yazalde bater toda a concorrência europeia (terminando à frente dos 36 de Krankl e dos 30 de Bianchi, Heynckes e Müller). No caminho para vencer o galardão, haveria de apontar 6 golos num 8-0 ao Montijo e 5 noutro 8-0 ao Oriental. Era, até chegar Messi, o único argentino a ganhar a Bota de Ouro. E foi, também, o primeiro leão a registar o feito (depois de Eusébio, pelo Benfica, e antes de Fernando Gomes e Jardel, por FC Porto e Sporting). O Real Madrid perdeu a cabeça e, após o Mundial, ofereceu 25 mil contos (125 mil euros). João Rocha resistiu. Renovou o contrato de Yazalde e foi buscar, para treinador, o compatriota Alfredo di Stéfano (que nem aqueceu o lugar). Um ano depois, o Chirola saiu mesmo, para o Marselha e por metade do valor. Mas antes ainda foi de novo artilheiro da Liga (30 golos) e 2º na Bota de Ouro. *