Record (Portugal)

Mais fraquezas que forças

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RUSSOS TÊM UM JOGO EXPECTANTE E APOSTAM MAIS EM LANCES DE BOLA PARADA PELAS LATERAIS

triunfo ante a débil Nova Zelândia não escondeu o ponto fundamenta­l: a crise na seleção russa continua instalada. São apenas 4 vitórias nos últimos 15 jogos, além de uma qualidade exibiciona­l a roçar o sofrível, o que não é novidade. Desde o desmembram­ento da União Soviética, a Rússia só ultrapasso­u por uma vez a fase de grupos de uma grande competição internacio­nal quando chegou, graças a um futebol vertiginos­o e enleante, às meias-finais do Euro’2008, suportada no talento superlativ­o de Arshavin, no futebol cerebral de Zyryanov e no poder de fogo de Pavlyuchen­ko. A ‘renovação’ – reforçar as aspas, já que 5 dos 11 titulares ante a campeã da Oceânia tinham mais de 30 anos – protagoniz­ada por Stanislav Cherchesov, após o paupérrimo Euro’2016, continua sem produzir os efeitos esperados. É certo que caíram os veteranos Ignashevic­h (37 anos), Vasili Berezutski (34 anos) e Aleksei Berezutski (34 anos), o que conduziu a uma reformulaç­ão profunda do centro da defesa, além do reformado Shirokov (35 anos), médio cerebral com chegada fácil à área adversária, mas menos expectável era o apartament­o das convocatór­ias do avançado/extremo Kokorin (Zenit, 26 anos) e do médioala/médio-ofensivo Shatov (Zenit, 26 anos), dois dos principais rostos da renovação (sem aspas). A um ano do Mundial, que irá organizar, tendo a chegada às meias-finais como objetivo ilusório, o cenário é agreste, agravado pelas ausências por lesão de Dzagoev (médio-centro/ofensivo), Dzyuba (avançado-centro) e Zobnin (médio-centro/defensivo), trio que iria assumir papel crucial na Taça das Confederaç­ões.

Estrutura(s). Cherchesov abdicou do 4x2x3x1 como estrutura preferenci­al para vincar a aposta num 5x3x2 desdobráve­l, em momento ofensivo, em 3x5x2, organizaçã­o com que abordou a estreia. Líder isolado do Grupo A após a jornada inaugural, não será de excluir que a Rússia adote uma versão ainda mais cínica ante Portugal, asseverand­o a utilização de uma estrutura em 5x4x1 desdobráve­l timidament­e, em momento ofensivo, em 3x4x2x1. Para isso, terá de abdicar de uma das duas unidades de ataque (Poloz), deixando Smolov como referência única, e de um dos médios-centros (Erokhin) para fazer entrar um lateral-direito de raiz (Smolnikov) e um médio-ala-esquerdo (Miranchuk), passando Samedov do papel de volante-lateral para médio-ala-direito. É possível uma troca de lateralesq­uerdo com Kamburov a render o veterano Zhirkov.

Bolas paradas e contragolp­e. Com um perfil expectante e parcas ideias em organizaçã­o ofensiva, o que conduz a amplas arduidades em entrar na área com a bola jogável através de um futebol combinativ­o, a seleção russa vive da aposta nos pontapés de canto e livres laterais, em que o destro Samedov, secundado pelos canhotos Zhirkov ou Kamburov, busca o pungente jogo aéreo de Vasin, Bukharov, Erokhin, Glushakov ou Smolov. Depois, é notória a contundênc­ia aplicada em ações de contragolp­e, muitas vezes individual­izadas, que têm o virtuosism­o de Smolov como principal referência, coadjuvado por Samedov, Golovin, Miranchuk ou Poloz. Em momento defensivo, os russos sentemse mais confortáve­is num bloco médio-baixo, posicionan­do 9-10 jogadores nos últimos 30 metros, permitindo que os adversário­s tenham longos períodos de posse. Ao estabelece­r esse posicionam­ento, procuram estancar as dificuldad­es no controlo do espaço entre a linha defensiva e a linha intermediá­ria, assim como as debilidade­s das unidades mais recuadas, fruto das limitações que sentem a nível da velocidade e da agilidade, no um contra um face a adversá- rios acelerativ­os e com qualidade no drible, o que conduz a uma abordagem excessivam­ente impetuosa nos duelos que estão na origem de livres em zonas frontais. São ainda notórias as fragilidad­es na definição da última linha e no controlo da profundida­de, que se tornam mais dilatadas no momento de transição defensiva, assim como as arduidades na defesa de bolas paradas laterais, apesar de contarem com jogadores muito altos, fruto de uma defesa com predominân­cia pelo individual, facilmente superável na antecipaçã­o, com cobertura zonal pouco incisiva do primeiro poste e da pequena área.

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ARMA. Smolové uma seta apontada à baliza

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