PRÉMIO AO FUTEBOL COM VALORES E FAIR PLAY
RECORD DISTINGUE JUVENIS DO BENFICA Gesto espontâneo dos jogadores no final do dérbi deixou treinador feliz e orgulhoso
A equipa de juvenis do Benfica foi ontem distinguida, por Record, com o Prémio Fair Play, pela atitude no final do dérbi do passado domingo, que consagrou o Sporting como bicampeão nacional da categoria. Apesar do triunfo (5-0) das jovens águias, em Alcochete, os leões fizeram a festa. No momento de receberem o troféu e as medalhas, jogadores e treinadores encarnados fizeram a guarda de honra. Um “gesto espontâneo”,
NA ENTREGA DO TROFÉU, ÁGUIAS DECIDIRAM FAZER GUARDA DE HONRA. “NEM HESITÁMOS EM ACEITAR”, CONTA PAIVA
como assinalou o capitão Tiago Dantas,que recebeu o prémio entregue pelo nosso jornal, numa cerimónia que decorreu ontem à tarde, no Estádio da
Luz, e à qual se associaram, ainda, o lateral-direito Mamadou Koné, o treinador, Renato Paiva, e o team manager, Luís Candeias. “Foi um gesto bonito da nossa parte e a iniciativa partiu de nós, jogadores. Eles ficaram em primeiro lugar e só temos de respeitar isso. Faríamos com qualquer outro adversário, pois há que valorizar o fair play neste desporto”, sublinhou o médio, secundado pelo companheiro de equipa. “Eles mereceram, pois ficaram em primeiro lugar, não importa como. Cabia-nos respeitar”, referiu Koné, resumindo assim o gesto da equipa: “É sinal de que o Benfica está a formar jogadores e, acima de tudo, homens que se respeitam.”
Regra e não exceção
O gesto dos jogadores foi validado pelo treinador. “Era uma decisão pertinente, que vinha ao encontro dos valores do Benfica e, portanto nem hesitámos em aceitar a decisão dos jogadores. Acabou o jogo, falámos um pouco sobre o balanço da época e, quando nos apercebemos que o Sporting ia receber a taça e as medalhas, os jogadores falaram no assunto e achámos excelente ideia.” A atitude não surpreendeu Renato Paiva. “Ser treinador de formação não é apenas escolher 11 jogadores ou falar de pormenores técnicos e táticos – é formar homens. Estou muito orgulhoso da atitude deles, muito feliz na globalidade por este gesto e por rece- bermos este prémio – e agradeço a Record. O que fizemos foi tão-só passar os valores que a instituição Benfica nos dá e exige, que a sua história nos transmite.” Ficando claro que o momento de desportivismo “foi com o Sporting, como seria com qualquer outro adversário”, Paiva sublinhou: “Não foi nada demais.” Koné reforçou: “É [uma atitude] habitual.” Enaltecida a distinção feita pelo nosso jornal, sobrou um lamento da parte do treinador: “Fico um pouco triste, porque isto não devia ser notícia – devia ser a regra e não a exceção.” Em jeito de balanço de temporada (segundo lugar no campeonato, com menos um ponto do que os leões), Paiva assumiu: “Não estivemos à altura dos pergaminhos do clube. Falhámos nesse aspeto, pois queríamos muito ganhar. Mas na parte da formação e da preparação foi fantástica.” Os jogadores merecem caloroso elogio: “Absolutamente fantásticos.” *