Record (Portugal)

O QUERER E O SEM QUERER

O Benfica tentou, mas nem sempre quantidade é qualidade. Acabou salvo por André Almeida, que pensou numa coisa e fez outra: o golo decisivo

- CRÓNICA DE DAVID NOVO

Hoje, quando o Benfica regressar aos treinos, André Almeida talvez vá tentar imitar o golo que marcou ontem. E até pode nunca mais repetir um momento daqueles mas, verdade seja dita, nem precisa. Quando o Benfica mais precisou, apareceu o defesa-direito a consumar a reviravolt­a frente ao Portimonen­se. Um lance de sorte, com um pouco de inspiração à mistura e o Benfica conseguiu o golo que as bancadas tanto suspiravam.

Não deixa de ser curioso que quando um jogador dos encarnados fez mal... saiu bem; antes, muitos tentaram fazer bem e, muitas vezes, saiu mal. Aqui não se trata tanto da quantidade e da diversidad­e mas sim da qualidade. Quando se viu o Portimonen­se montado no 4x1x4x1, em que chegavam a estar 11 jogadores dos algarvios atrás da linha da bola, era óbvio que o Benfica tinha de encontrar espaço. Jonas ou Seferovic baixavam para dar linha de passe; Pizzi tentava passes longos nas costas da defesa – viria a resultar, já lá vamos –, alguns cruzamento­s para a área, como aquele de Zivkovic que não deu golo de Jonas por pouco aos 29’. Uns minutos antes havia sido o sérvio a tentar, num remate de longe, outra das formas que o Benfica usou para chegar ao golo. Sem esquecer as bolas paradas, com o livre direto de Samaris com algum perigo.

Certo é que a bola não entrou e, ao intervalo, havia 0-0. E essa talvez tenha sido a primeira surpresa da noite, porque o que muitos esperavam, nomeadamen­te os adeptos benfiquist­as, era um passeio tranquilo do campeão nacional frente a um recém-promovido, num Estádio da Luz bem composto e, quem sabe, com a goleada (5-0) ao Belenenses ainda na memória.

Com ou sem medo, eis a questão

Vítor Oliveira tinha dito antes de jogo que havia um fator que faria toda a diferença no desempenho do Portimonen­se no Estádio da Luz. “Se jogarmos sem medo, poderemos fazer um bom jogo”, explicou o experiente treinador. Então mas jogar fechadinho lá atrás, dando iniciativa ao adversário, mostra algum receio, certo? Em parte sim, mas até é normal em algumas equipas que visitam o Benfica. Só que o Portimonen­se não se limitou a defender e, sempre que conseguia – para isso contou muito com a velocidade de Nakajima – tentou estender a equipa aquando da recuperaçã­o de bola e assustar Bruno Varela. Os remates de Fabrício e Wellington, este para defesa do guarda-redes, foram

exemplo da 1ª parte. Ouviram-se alguns assobios ao intervalo e Rui Vitória mexeu. Tirou Cervi e colocou Salvio, Zivkovic viajou para a esquerda. Mas, ao contrário do que muitos esperavam, não se viu um Benfica avassalado­r à procura do golo. Assistiu-se, isso sim, a nova surpresa, com o Portimonen­se a silenciar a Luz graças ao golo de Fabrício. A desvantage­m durou pouco tempo já que Pizzi fez o passe perfeito para deixar Salvio na cara de Ricardo Ferreira. Não deu golo, deu sim penálti e expulsão de Hackman. Jonas consumou o empate e o Benfica tinha meia hora e um jogador a mais para chegar à vitória. O camisola 10 viria a tentar de pé esquerdo, Seferovic também o fez e ainda Eliseu. Todos falharam, até que apareceu o tal momento de André Almeida. De olhos no chão, com o cruzamento na cabeça e o golo saído do pé direito. Estávamos no minuto 78 e, na teoria, seria um resto de jogo tranquilo para o Benfica. Mas... não. Muitos passes falhados, alguma desinspira­ção, erros cometidos e que fizeram a equipa tremer. Como no quase autogolo de Samaris e, ainda mais, quando Fabrício voltou a marcar bem perto do fim. O vídeo-árbitro decidiu bem e a vitória não fugiu. Sofrida, sem dúvidas, mas faz parte. *

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