Record (Portugal)

Almeida o bruxo de serviço

TALVEZ ESTEJA NA ALTURA DA COMUNICAÇíO DO BENFICA REPENSAR OS TERMOS DA PARTICIPAÇ­ÃO – OU DA NÃO-PARTICIPAÇ­ÃO – DOS SEUS ESFORÇADOS COMUNICADO­RES NAS CHARLAS TELEVISIVA­S QUE, NA VERDADE, SÓ EXISTEM À PALA DO BENFICA

- Leonor Pinhão Jornalista

Puxa uma cadeira e senta-se uma pessoa à mesa de um café onde já estão sentadas outras quatro ou cinco individual­idades. O tom da conversa é desmesurad­amente exaltado sendo o assunto ou política internacio­nal ou futebol ou jardinagem ou desemprego de longa duração. Na realidade, tanto faz. Qualquer que seja o tema em apreço é a exaltação geral que se sobrepõe. Já jantada, sentadinha à mesa do café diz finalmente essa pessoa o que lhe vai na alma sobre isto ou sobre aquilo e caemlhe em cima os demais comparsas em desacordo numa chinfrinei­ra sem medida. São quatro ou cinco contra um. Aconversa prossegue, dá à volta à mesa e todos exprimem com alarido opiniões incrivelme­nte iguais sobre tudo até chegar outra vez a vez do último a chegar que, cons- trangido pela desproporç­ão em vigor, lá dá ao seu parecer sobre os tópicos em discussão. Logo lhe voltam a cair em cima os outros clientes numa tal gritaria que até parece coisa de gente doida. Uns impedem-no de falar batendo com as mãos no tampo da mesa, outros espumam-se e reviram os olhos e outros desatam a debitar recordaçõe­s sobre as visitas que faziam à madrinha na Páscoa no tempo em que as madrinhas lhes davam saquinhos com amêndoas e já era um pau. O empregado de mesa não só não mexe uma palha para por cobro aos desacatos como ainda vai servindo doses reforçadas de cafeína porque o patrão lhe disse que estava ali para vender bicas e não para vender chá de tília que dá sono segundo a tradição popular. Um cidadão comum colo- cado perante uma situação destas, impossibil­itado pela grossa maioria de exprimir as suas mais banais opiniões à mesa do café só tem duas opções: ou se levanta e vai para casa tranquilam­ente deixando os demais a falar sozinhos ou, se for dado a ímpetos socialment­e condenávei­s, levanta-se e, antes de voltar para casa, vira a mesa do café provocando estardalha­ço e uma quantidade de louça partida. Ou não é assim? Toda esta historieta para sugerir que talvez esteja na altura de o departamen­to de comunicaçã­o do Benfica repensar seriamente os termos e os objetivos da participaç­ão –ou da não-participaç­ão –dos seus esforçados e minoritári­os comunicado­res nas charlas televisiva­s que, na verdade, só existem maioritari­amente à pala do mesmo Benfica.

OqueSporti­nge Benficaont­em

sofreram para vencer o Feirense e o Portimonen­se deitou um bocadinho por terra a teoria de Manuel Machado e de todos os que, como ele, entendem que a diferença de orçamentos entre as equipas da Liga é determinan­te e incontorná­vel. Ontem o Sporting só contornou o Feirense no oitavo minuto do tempo extra e o Benfica para vencer os algarvios passou pela vergonha de ter de agradecer ao vídeo-árbitro a anulação –certíssima –do segundo golo de Fabrício e pela vergonha de sofrer as passas do Algarve quando jogava em superiorid­ade numérica contra um recém-promovido. Se foi questão de bruxos, os bruxos estiveram em grande. Os bruxos e André Almeida.

O BENFICA PASSOU PELA VERGONHA DE SOFRER AS PASSAS DO ALGARVE JOGANDO CONTRA 10

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