Record (Portugal)

DRAGAO DE TOP

PORTISTAS PASSAM TESTE E RECUPERAM LIDERANÇA “Não estamos em bicos de pés”

- CRÓNICA DE VÍTOR PINTO

Seria quase um crime de lesafutebo­l ousar comparar a constelaçã­o de craques orientada por Villas-Boas em 2010/11 com o grupo que Sérgio Conceição tem à sua disposição esta época. As limitações do presente, porém, só dão ainda mais mérito ao registo imaculado de seis vitorias consecutiv­as que mantém os azuis e brancos colados ao topo da tabela e que já não se via há sete anos.

Garantir os três pontos em Vila do Conde nunca seria tarefa fácil, o tropeção do Benfica serviu de aviso, mas ainda assim o FC Porto teve de apelar à raça para quebrar um impasse que ameaçava o prolongame­nto da sua sequência de resultados positivos nos Arcos. O voo de Danilo foi providenci­al e o tento consentido na reta final, que estragou a imbatibili­dade de Casillas, desnecessá­rio.

A questão é que a derrota com o Besiktas, inédita em estreias de Champions em casa, levantou dúvidas e fez despertar fantasmas que ameaçavam agitar-se desde um fecho de mercado sem os reforços que o treinador pediu. O ‘grito de revolta’ que irrompeu desta vez, após o intervalo, fez lembrar os tempos de Villas-Boas, de facto, mas após superar uma provação exigente e atestar a sua força interior, o mínimo que se pode dizer é que os dragões sararam as feridas europeias e volta- ram à sua estaca zero, que é a da liderança, por muito que os recursos ainda pareçam curtos para um assalto sustentado ao topo. Certo é que não havia margem para falhar em Vila do Conde, sobretudo tendo em conta que, após a receção ao Portimonen­se, seguem-se três deslocaçõe­s de elevado risco: Monaco, Sporting e Leipzig.

Supremacia questionad­a

Após o banho de água fria contra os turcos, Conceição tinha de provocar ondas para mudar a face da equipa. Optou pela solução de colocar Otávio perto de Aboubakar, que ensaiou durante a pré-época, desviando Marega para o flanco direito. A maior novidade, porém, acabou por ser a titularida­de de Herrera, mandando Óliver para junto de Corona, no banco. Uma grande oportunida­de de Brahimi e um disparo do maliano à trave foram tudo o que o FC Porto conseguiu levar para além da organizaçã­o imposta por Miguel Cardoso. O Rio Ave preparou muito bem o duelo e, mesmo sem a qualidade de Francisco Geraldes, levou a posse de bola para perto dos 60%, procurando em muitas alturas comandar o encontro. A pressão alta esmagadora que Sérgio Conceição pretendia forçar foi esvaziada em

duas penadas, prolongand­o os vilaconden­ses a saída de bola até os portistas concederem espaços e perderem a supremacia posicional. Um trabalho meticuloso a partir do banco que não se tornou mais ameaçador porque o ataque careceu de chama ante a solidez defensiva do dragões. Só o despiste de Ricardo Pereira, que depois de passar de lateral-direito a extremo teve de recuar para lateral- esquerdo,abriu caminho ao tento de Nuno Santos que reavivou a esperança, talvez demasiado tarde.

Intervenci­onismo

Antes, ainda na etapa inicial, Sérgio Conceição percebeu que tinha de intervir na partida e puxou novamente Marega para o ataque, repelindo Otávio para a direita e soltando a profundida­de de Herrera pelo corredor central. Com Brahimi empenhado, os frutos surgiram com a entrada forte após o intervalo. Faltava o tal momento determinan­te que Danilo Pereira protagoniz­ou ao capitaliza­r um canto de Alex Telles.

O Rio Ave nunca se rendeu, mesmo quando Marega ampliou a diferença, e o FC Porto tentou trancar os três pontos com Maxi Pereira e André André, controland­o sem sustos de maior o ímpeto final dos homens de Cardoso.

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Marega marcou depois de Danilo ter feito o primeiro golo

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