A bonança depois da tempestade
INIESTAÉ FAROL DE CARA PÁLIDAQUE ALUMIAMESSI, DE NOVO A‘FALSO 9’, SEMPRE NO CENTRO DO JOGO
defeso do Barcelona foi tumultuoso. Alonga ‘novela Neymar’ e as desmesuradas dificuldades em encontrar seu(s) sucessor(es), de que resultou a aquisição de Dembélé e Paulinho, geraram imensas dúvidas. Embaraços que se agudizaram com dupla derrota ante o Real Madrid na Supertaça, em que os culés deixaram de ser donos da bola, fixando Valverde como elo mais fraco. Mas as notícias sobre o fim de ciclo eram exageradas. Mesmo que a ideia de jogo mais entusiasmante do novo século se vá dissipando, o retumbante início de Liga (7 pontos sobre os merengues), e a entrada triunfal na Cham- pions, com triunfo sobre a vicecampeã europeia Juventus (3-0), mudou o estado de alma dos adeptos. Da depressão à euforia.
Sagacidade. A saída de Neymar levou Valverde a abdicar do tradicional 4x3x3. Após experiências pouco conseguidas em 3x5x2, 4x4x2 clássico e 4x2x3x1, decidiu-se por estrutura híbrida – o músculo não se podia impor ao cérebro. Por isso, o renascimento da equipa surgiu do apelo para que todos os jogadores, tal como com Guardiola, pensassem o jogo como médios, dominan- do controlo orientado e passe apoiado, o que garante pausa na gestão do ritmo, elevado conforto com bola e linhas de passe próximas ao portador, a tomada de decisão adequada e a velocidade de execução em espaços reduzidos, evitando perdas de bola e jogo partido, e a reação pungente à perda, de forma a enclausurar o oponente no seu meio-campo. E isto é fundamental para perceber que Iniesta voltou a ser o principal ator secundário pós MSN (Messi-Suárez-Neymar). O farol de cara pálida é quem alumia Messi, reconvertido a ‘falso 9’, sempre no centro do jogo, formando losango com o trio de médios.
Desdobramento. Em momento defensivo, organizam-se em 4x4x2, com o extremo-direito a baixar a médio-direito, o que obriga a enorme disponibilidade física e grande sagacidade tática nos momentos de transição, enquanto o médio-interior-esquerdo (Iniesta) se desloca para médio-esquerdo. Em momento ofensivo, varia para 4x3x3 assimétrico, com Messi a ‘falso 9’, solícito nas cone- xões com os médios nas entrelinhas e a sair destas para finalizar, enquanto Suárez se vê obrigado a ir da esquerda o meio, abrindo o corredor para os assaltos contundentes à profundidade de Alba. *