Record (Portugal)

No Fejsa No Festa

O BENFICA DEFENDE MELHOR COM O SÉRVIO EM CAMPO, DEVIDO AO SEU INTELIGENT­E SENTIDO POSICIONAL. MAS, A ATACAR, A EQUIPA MELHORA AINDA MAIS COM A PRESENÇA DO MÉDIO

- Pedro Adão e Silva Professor Universitá­rio

Há uma hipótese muito popular que explica as performanc­es desportiva­s com a atitude das equipas. Para quem olha assim para o futebol, a semicrise do Benfica é explicável de forma simples: numas quantas partidas, os jogadores revelaram pouca garra. Não digo que a vontade de vencer não seja importante. Contudo, devemos partir do princípio que, em equipas de topo, os jogadores entram em campo todos os fins de semana com desejo de vitória e que as alternânci­as de humor são mais consequênc­ia do que causa.

Como explicar, então, a boa exibição do Benfica face ao Paços de Ferreira? Não foi, certamente, por a equipa ter tido outra atitude e demonstrad­o maior vontade de vencer. Estou certo que esta nunca faltou.

Alternativ­amente, há muito quem atribua às individual­i

dades um papel decisivo. Em parte, é verdade, mas o futebol é um desporto de equipa e, sem coletivo, não há talento individual que valha. É algures entre talento individual e processo coletivo que se encontra a chave do sucesso e por mais qualidade individual que exista, aquela, sem processo coletivo, de pouco serve.

Regressemo­s a sábado, ao

Estádio da Luz. As entradas de Júlio César e Fejsa na equipa fizeram muita diferença: não apenas pelo que acrescenta­ram individual­mente, mas, acima de tudo, pela forma como a sua participaç­ão foi determinan­te para o jogar do Benfica. Júlio César teve o esperado efeito calmante sobre adefesa, dando uma tranquilid­ade que faltou nos jogos com Varela na baliza. Decisivo foi mesmo Fejsa.

Não surpreende. Com o sérvio em campo, o Benfica tem um registo que vale a pena recordar. Na temporada passada, Fejsa jogou 25 jogos para o campeonato e a equipa sofreu 10 golos. Nas restantes nove partidas, o Benfica sofreu oito golos e empatou por cinco vezes.

Há um Benfica com e sem

Fejsa por força do rigor científico que o centro campista revela nos movimentos sem bola, oferecendo uma cobertura notável a todas as movimentaç­ões da equipa. O Benfica equilibra-se, reage melhor à perda e recupera bolas em zonas mais avançadas. Mas, talvez, o mais importante nem passe pela inteligênc­ia do posicionam­ento defensivo: com Fejsa em campo o Benfica melhora a defender, mas melhora ainda mais a atacar.

No sempre muito interessan­te

GoalPoint, Luís Cristóvão publicou este fim de semana dois mapas reveladore­s, comparando os movimentos em campo de Pizzi frente ao Boavista e Paços de Ferreira. As diferenças são notáveis: no Bessa, Pizzi tocou menos na bola, pisou terrenos mais recuados, esteve mais disperso pelo campo e, também, a presença na área adversária foi menor do que na Luz, este fim de semana. Ora como o ataque do Benfica depende da associação Pizzi/Jonas, porventura, o mais decisivo em Fejsa é a forma como, sem tocar na bola, permite a Pizzi aproximar-se de Jonas, libertando ofensivame­nte a equipa do Benfica.

EM 2016/17, FEJSA JOGOU 25 VEZES NA LIGA. NAS NOVE PARTIDAS QUE FALHOU... HOUVE 5 EMPATES

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