Record (Portugal)

O VAR e as alianças

- Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o

HÁ A PARAGEM DO JOGO E QUEM ESTÁ NA BANCADA NÃO SABE O QUE MOTIVOU TAL VEREDICTO QUANTO A ALIANÇAS ANTI-NATURA, JÁ SABEMOS QUE ESTÃO CONDENADAS À NASCENÇA, AINDA MAIS QUANDO A CLASSIFICA­ÇÃO DA LIGA É COMPETITIV­A. POR ISSO ESTÁ MORTA A ALIANÇA SPORTING-PORTO

Alian as nem com mostarda. Entendo que se há boas relações institucio­nais entre os clubes, os presidente­s se devem sentar lado a lado, agora, alianças nem vê-las. Uma coisa é a civilidade que deve nortear o comportame­nto dos dirigentes para que o clima seja saudável e arejado, outra, empurrar para trás algumas rivalidade­s sanguíneas quando está em discussão a indústria e o negócio. Diferente é uma política de alianças, sejam elas estratégic­as ou puramente tácticas pelo momento que se vive.

Cadaclube temasuaide­ntidade e deve orgulhosam­ente só patentear os seus valores e a sua história, ter poder para influencia­r, escolher o momento para tirar o pé e serenar, bem como outro momento em que é preciso ser feroz e agressivo na defesa dos seus interesses. Tal como os treinadore­s fazem ‘mind games’, também todos sabemos que há tempos em que se deve carregar no botão dos factores envolvente­s que podem condiciona­r o desfecho de uma partida. Porém, guerra aberta todos os dias da semana é contraprod­ucente e banaliza o efeito das mensagens que devem ser nevralgica­mente cirúrgicas e quanto a alianças anti-natura já sabemos que estão condenadas à nascença, ainda mais quando a classifi- cação da Liga é competitiv­a. Por isso está morta a aliança Sporting-Porto.

Quesedesil­udamascarp­ideiras contra os meios tecnológic­os que toda a gente de bom senso já percebeu que o VAR pode ajudar a verdade desportiva. Vai haver erros, também suspeitos do costume, mas este é um caminho de pedras daquelas que se vão guar- dando para construir um castelo, como diria Fernando Pessoa. As polémicas são uma constante, não há descanso nem com jogos de Selecção e, por vezes, enterram-se rapidament­e jogos espectacul­ares, verdadeiro­s hinos ao futebol, sob uma cortina de ferro de declaraçõe­s avulsas que espelham a insensatez de quem dirige as coisas e ganharia imenso em estar calado.

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por mais um ano a aposta. Cabe agora melhorar diversos aspectos, especialme­nte quanto à comunicaçã­o da explicação das decisões. Vamos ao râguebi e ao futebol americano que usam semelhante tecnologia e vemos que a virtude é que o árbitro que lidera a equipa comunica para todo o estádio, claramente, depois de ver e ter ouvido a restante equipa que se encontra na sala de observação. E é aqui que em Portugal ainda se falha nestes primeiros passos. Há a paragem do jogo, a consequent­e decisão, mas quem está na bancada não sabe o que motivou tal veredicto. Para além do mais têm acontecido problemas técnicos que não podem ocorrer, omissões na divulgação dos relatórios que devem ter critérios uniformes e não serem exibidos consoante os caprichos de quem manda e, por último, em caso de incompetên­cia expressa não pode haver pudor em punir e castigar quem erra grosseiram­ente. Com estas melhorias, o VAR veio para ficar.

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