Record (Portugal)

“TENHO MUITO ORGULHO NO QUE FIZ”

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assim que conquistei os meus colegas e os adeptos.

Foi decisivo começar por conquistar os colegas?

M – Sem dúvida. O FC Porto tinha muitas referência­s nessa altura e eu sentia que havia muita gente a desconfiar. Um dia, o Paulinho Santos, o Capucho, o Secretário e o Nuno Valente convidaram-me para almoçar e pediram-me desculpa por terem duvidado de mim. Nunca pensaram que eu fosse capaz de conquistar tão rapidament­e o coração dos portistas.

Não lhe passava pela cabeça conquistar tantos títulos em tão pouco tempo?

M – Nem em sonhos. A ideia era ganhar o campeonato e acabámos por ficar com a Taça UEFA, a Taça dos Campeões e a Taça Interconti­nental. Só faltou a Supertaça Europeia. Perdemos uma com o AC Milan e a outra com o Valencia. Para mim, que estava há um ano sem jogar, foi perfeito. Podia ter acabado a carreira logo aí (risos).

Para esse FC Porto até parecia fácil ganhar no Estádio da Luz ou em Alvalade…

M – É verdade. Ganhámos na Luz, no meu primeiro ano, por 1-0, com golo do Deco após assistênci­a minha. Mas podíamos ter ganho por 4 ou 5. Eles nem chegaram à nossa área. E em Alvalade foi a mesma coisa. Na Luz joguei os 90 minutos a trinco, a marcar o Zahovic.

Esse foi o melhor FC Porto de sempre?

M – Para mim, sim. Com todo o respeito pelo FC Porto de 1987, que também foi campeão europeu. No seu primeiro ano jogou ainda no Estádio das Antas e, portanto, apanhou a mudança para o Dragão. De que forma se viveu a transição?

M – O estádio velho deixou-me muitas saudades e só lá joguei um ano. O relvado das Antas era impression­ante. Um tapete incrível, fizesse chuva ou sol. E também senti saudades do hino que tocava antes de cada jogo. No Estádio do Dragão, não sei porquê, era diferente. Esteve na inauguraçã­o do Dragão, naquele jogo com o Barça, que também foi a estreia de Messi…

M – Sim, ganhámos 2-0 e eu fiz o cruzamento para o segundo golo, que foi do Hugo Almeida. O Messi tinha 16 anos, salvo erro. Quando aquele pequenino entrou em campo e começou a tocar na bola, olhámos uns para os outros e perguntámo­s: “O que é isto?”

Que memórias mais fortes daquela noite de Sevilha, na conquista da Taça UEFA?

M – Foi o título que gostei mais de ganhar em toda a carreira! A viagem, o ambiente, o calor, com mais de 40 graus. Que loucura de dia.

E Gelsenkirc­hen, um ano depois, como foi?

M – É maravilhos­o ganhar a Cham- pions. A caminhada até à final não foi fácil, mas claro que depois éramos favoritos frente ao Monaco. Eles até começaram melhor e tiveram a primeira oportunida­de de golo. Depois fomos melhores e chegámos com naturalida­de ao 3-0. Se não tivéssemos abrandado até acho que íamos chegar a um resultado que ficaria para a história das finais da Liga dos Campeões…

Esse deve ser um daqueles jogos que um jogador não quer que termine.

M – Não é bem assim (risos). Há um história engraçada dessa final. Estávamos a ganhar 3-0 e aos 89 minutos o Pedro Mendes olhaparao marcador e começa a dizer para mim e para o Costinha: “Então quando é que isto acaba? Fogo, apitalápar­ao fim…” (risos). Só para verem o estado de ansiedade que um jogo daqueles provoca. Ficou a saber-se nessa noite, após a vitória, que vários jogadores iriam ser vendidos. Alegria pelo título e tristeza por ver a equipa desmantela­r-se. Foi isso?

M – Tristeza para os adeptos, mas também para alguns jogadores que queriam sair… e tiveram de ficar (risos). Já no ano anterior tinham saído alguns e agora iriam sair mais. Nós sabíamos isso. Só não sabíamos quem saía e quem ficava...

Havia muitos jogadores a pedir para sair?

M – O que nós ouvíamos era: “Olha, tem lá paciência, tens de aguentar.

A PERGUNTA DE MICHAEL MANNICHE

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