Record (Portugal)

1.ª classe e sem classe nenhuma

FRANCISCO JOSÉ MARQUES PUBLICA SOBRE CEFALÓPODE­S NESTE OUTONO QUANDO AINDA NO ÚLTIMO INVERNO AS PAREDES DAS CASAS, DOS ESCRITÓRIO­S E AS MONTRAS DOS RESTAURANT­ES DOS SEUS PATRÕES E AFINS FORAM PINTADAS A TINTA DE CHOCO

- Leonor Pinhão Jornalista

Por onde anda António Pimenta Machado? Onde parará o homem que foi presidente do Vitória de Guimarães durante um quarto de século e que ficou para a história ao resumir numa frase a insofismáv­el natureza da verborreia da indústria: “No futebol o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira”, disse no século passado. A propósito de quê já ninguém se lembra – talvez do iminente despedimen­to de um qualquer treinador... –, mas a realidade é que o seu axioma não só perdura como se revigora a cada dia. Esta semana, então, tem sido um exagero. Faz falta aquela verve única e descomprom­etida de Pimenta Machado que, talvez por não ser presidente de nenhum ‘grande’ e por ter fortuna pró- pria, podia dar-se ao luxo de dizer o que lhe ia na alma antes de haver redes sociais e diretores de comunicaçã­o. Muitos gostariam de conhecer a opinião que terá hoje António Pimenta Machado, se ainda tiver paciência para estas coisas, ao ouvir “o pior funcionári­o do Mundo”, o ex-futebolist­a Manuel Fernandes segundo o seu ex-atual-patrão, afirmar que o seu exatual-patrão não passa a vida a dizer que “trabalha 24 horas por dia” quando, comprovada- mente, passa mesmo a vida a proclamar que trabalha 24 horas por dia? E o que teria a dizer hoje António Pimenta Machado, se é que segue estas aventu- ras culinárias, sobre “o melhor funcionári­o do Mundo”, Francisco José Marques, publicando sobre cefalópode­s neste outono quando ainda no último inverno as paredes das casas, dos escritório­s e as montras dos restaurant­es dos seus patrões e afins foram pintadas a tinta de choco por adeptos portistas – ‘híbridos’, certamente – em fúria? Em fúria, sim, vá lá saber-se porquê. Volta o futebol a sério neste final de semana com a Taça de Portugal depois de uma paragem devida a dois jogos amigáveis da nossa Seleção neste período que pode ser chamado de tudo menos de amigável no âmbito alargado do futebol português. Até insultos tem havido. Neste interregno, o presidente do Benfica, por exemplo, chamou “merceeiro” a um comentador afeto ao clube, o que pode ser considerad­o um insulto. O presidente do Sporting, para não ficar atrás, insultou Luís Filipe Vieira, António Salvador, Augusto Baganha, Octávio Ribeiro, Ribeiro e Castro, Pedro Madeira Rodrigues, Paulo Pereira Cristóvão, Rui Santos e todos os sportingui­stas que não o amam a quem chamou “vermes”, o que também poderá ser considerad­o um insulto. O presidente do Porto não insultou ninguém. Está a aprender francês.

A última prestação de João

Gobern no programa ‘Trio de Ataque’, da RTP3, foi o melhor momento de comunicaçã­o em prol do Sport Lisboa e Benfica desde que Eliseu saltou para a lambreta na festa do ‘tetra’. Que classe, Gobern. Aliás, nestas coisas, só há duas classes: 1.ª classe e sem classe nenhuma.

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