Piriquitos, papagaios e muitas ‘aves raras’
MUITO ‘LIXO’ ESCONDIDO DEBAIXO DO TAPETE (LUSTROSO) DO FUTEBOL PORTUGUÊS E O PROBLEMA É QUE OS AUTOPROCLAMADOS ‘REGENERADORES’ NÃO TÊM NÍVEL NENHUM. PREOCUPANTE!
Vamos lá a colocar os pontos nos is: no âmbito já de si repugnante ‘caso dos emails’, a partir do qual temos assistido a um imparável desfile de indignidades, este ‘caso Piriquito’ é a cereja (estragada) no topo do bolo (…podre).
Vamos a factos:
1. A revista ‘Sábado’ revela online que o ex-director de conteúdos da BTV, Pedro Guerra (PG), recebeu documentos internos da FPF, relacionados com auditorias internas do organismo federativo, através de Horácio Piriquito (HP), membro do Conselho Fiscal. 2. A FPF esclareceu, junto da revista, que os “os documentos são internos, sem acesso público”. Entrega caso à PJ e à PGR. 3. Piriquito publica um comunicado na sua página pessoal do Facebook, no qual adianta que “nenhuma informação confidencial foi passada para a praça pública”. Sublinha que, apesar de “não ter praticado algum ilícito”, apresentou o “pedido de demissão do cargo de vogal do Conselho Fiscal da FPF”.
4. O director de comunicação do FCP reage ao comunicado e acusa Piriquito de mentir.
5. A imprensa dá conta de um email de HP, de 30/9/2016, com o conteúdo de uma auditoria, dirigido a PG: “Segue superconfidencial. Nem sequer foi ainda aprovado. Aprovaremos hoje à tarde”. 6. O Benfica recusa fazer comentários sobre a matéria. Vamos às considerações e interpretações assentes nos factos: 1. Piriquito é um gestor benfiquista. Tudo normal. Amigo de Guerra. Normal.
2. Piriquito participou várias vezes em painéis de debate, na BTV. Reticências.
3. Piriquito sabia, melhor do que ninguém, da responsabilidade de Guerra na BTV.
4. Foi na qualidade de membro do Conselho Fiscal da FPF que não se coibiu, segundo a imprensa, de fazer chegar documentos confidenciais ao director de conteúdos da BTV. 5. Piriquito sabia que não estava a facultar documentos confidenciais a uma fonte jornalística (o que também seria altamente discutível, a menos que estivéssemos a falar de alguma matéria com indiscutível interesse público); estava a facultar informação para ser (di)gerida no interesse de alguém que se assumia como porta-voz do Benfica.
Este último ponto é especial- mente grave e denuncia um comportamento matriz que não é possível ignorar: o papel de Pedro Guerra neste intricando ‘caso dos emails’, uma das aves mais raras que, a certa altura e depois de ter saído do arquivo e da casca do ‘Independente’, onde chegara a publicar matérias inflamáveis contra o presidente do Benfica, pousou na Luz, passando a gozar de uma protecção – como dizer? – singular. Fez treino na CM TV para ‘calçar’ as chuteiras [do Damaiense] na TVI.
Estamos a falar de uma estratégia. De uma estratégia dissimulada. De uma estratégia que passava por capturar e comprometer uma série de figuras que não estivessem ‘ao serviço de’. E as que estavam ao ‘serviço de’ estimuladas, no mínimo, a fazer o seu papel no espaço público (televisões, etc.). Basta olhar para o filme das ‘cartilhas’ e para o papel coordenador de Janela. Basta recordar que os ‘cartilheiros’ começaram por negar o recebimento das ‘cartilhas’ e muitos se lembram das figuras tristes que fizeram. O incómodo dos estrategos e das suas marionetas foi visível. Guerra é ‘descoberto’ e, após um percurso sinuoso e ziguezagueante, sai oficialmente da BTV para ‘proteger’ o Benfica. Mas prossegue o perigosíssimo espectáculo circense, agora somente na TVI e com grandes dificuldades para negar as evidências e disfarçar aquilo que toda a gente viu: foi o escolhido para – entre algumas verdades – despejar todo o tipo de suspeitas sobre os principais adversários.
Neste tão maltratado futebol português, outros papagaios, de outras tonalidades, têm aberto o bico e dado à asa, mas este episódio a envolver Piriquito parece ser a prova que faltava para provar que a tenda estava (bem/mal) montada.
As pessoas no futebol e nos clubes têm de se habituar à ideia de que ninguém é melhor ou pior por ser do Benfica, do Sporting ou do FC Porto. E que a falta de respeito pelas diferenças é o caminho mais rápido para a intolerância e o caos.
Esteéoprob lema do futebol português. Uma terrível obsessão pela instrumentalização. O céu escuro da bola indígena está cheio de falcões mascarados de periquitos que não têm respeito nem por si próprios nem pelas instituições que não servem ou julgam servir. É mau de mais o que está a acontecer ao futebol em Portugal. Eé natural que indivíduos bem formados e com carácter, respeitadores dos mais elementares princípios de coexistência pessoal e institucional, não apareçam nem se proponham, desde logo bloqueados e rejeitados por formas pidescas de controlo totalitário e de uma atitude rasca de gente( auto proclamadamente‘ regeneradora ’) que não consegue abandonar a tasca. * Texto escrito comaantigaortografia