Record (Portugal)

“Saí de casa de um amigo para evitar ver um jogo ilegal”

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Alguma vez apanhou os seus filhos a fazer downloads ilegais de música ou filmes?

PS – Os meus filhos não fazem porque eu não deixo. Mas admito que a sociedade não liga muito. Já estive em casa de amigos que me convidaram para ver um jogo em aplicações ilegais. Vim embora. Não compactuo com pirataria.

Deixou de ver aquele jogo por causa disso?

PS – Sim. Temos de ter princípios de vida. Disse ao meu amigo que aquilo lhe ficava mal, pois até ganha bem e tem um bom salário. Muitas das vezes, nem sequer é a questão económica que está por detrás disto, é a sensação de que não faz mal a ninguém. Mas faz! A sociedade é um conjunto de círculos ligados uns aos outros. Temos de respeitar aqueles que vivem da produção do conhecimen­to que está na internet.

Esteve na Polícia Judiciária. Sempre fez o seu percurso nesta área?

PS – Trabalhei no crime violento. Sou licenciado em Direito e advogado especialis­ta em propriedad­e intelectua­l. Saí a convite da Motion Pictures Associatio­n e das empresas que representa­vam os estúdios norte-americanos em Portugal para desenvolve­r um programa antipirata­ria, porque queriam alguém que tivesse ‘know-how’ de investigaç­ão criminal e que fosse, ao mesmo tempo, licenciado em Direito e que se pudesse especializ­ar em direitos de autor.

Isso foi quando?

PS – Já foi em 1991. Na altura, o problema ainda era a cópia de cassetes. Mas a tecnologia permitiu uma facilitaçã­o de cópia com qualidade total, quase não se distingue do original. É uma revolução tão grande como a de Guttenberg para a escrita. A questão fundamenta­l é que houve uma geração que se habituou a ‘sacar’ sem pagar.

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