FOI NO ÚLTIMO SUSPIRO
Reviravolta portista só chegou nos descontos, com a frieza de Aboubakar e Brahimi a decidir. Mais dois golos inglórios para o Portimonense...
Sérgio Conceição bem tinha avisado que o primeiro jogo após a paragem para as seleções “é sempre difícil e perigoso” e o que se passou no Dragão confirmou os maiores receios do treinador do FC Porto. O líder do campeonato conseguiu o objetivo de seguir em frente na Taça de Portugal, mas não se livrou do maior susto da época em competições nacionais, tendo carimbado a passagem apenas nos descontos. Um triunfo no último suspiro que teve o condão de poupar os portistas a um prolongamento de todo indesejado a poucos dias de um jogo importante para a Champions... Quando o coração mandava mais que a cabeça foi notável a frieza de Vincent Aboubakar e Ya- cine Brahimi, que não perdoaram nas duas vezes em que apareceram na cara de Carlos, guarda-redes que durante a segunda parte não tinha feito uma única defesa de relevo. Aí valeu a qualidade técnica e de finalização dos dois africanos para impedir que o FC Porto se despedisse do primeiro troféu da temporada. Sérgio Conceição já não viu no banco a reviravolta no marcador, uma vez que Artur Soares Dias lhe tinha dado ordem de expulsão minutos antes, e o mesmo aconteceu com o central Felipe Macedo, que levou o segundo cartão amarelo quando faltava um quarto de hora para acabar o jogo por falta desnecessária sobre Danilo Pereira. O Portimonense, que nesse momento estava em vantagem no marcador e a controlar as operações, não permitindo que o perigo chegasse até junto da sua baliza, foi empurrado para trás e acabou por ceder à pressão que se abateu sobre a sua área nos instantes finais. Marcano teve a primeira oportunidade do FC Porto na etapa complementar, ao minuto 84, e pouco depois surgiu a reviravolta que deixou o Dragão em delírio e ao mesmo tempo aliviado. Uma vitória da crença e mais uma vez da criatividade, já que Sérgio Conceição teve de recorrer novamente à imaginação para manter a sua equipa competitiva. Se a entrada de Brahimi era expectável, face à qualidade do internacional argelino e à inoperância de Hernâni, já as chamadas de André Pereira e Layún não deixaram de ser surpreendentes.
O jovem ponta-de-lança fez a sua estreia na equipa principal e foi dos seus pés que saiu a abertura para o golo do apuramento, enquanto Layún entrou para o lado direito do ataque quando as circunstâncias do jogo pediam Galeno. Corona saiu tocado e deixou Sérgio Conceição apreensivo e re-
ceoso de ver o mexicano juntar-se ao lote de lesionados.
Entrada forte
Face às adversidades e falta de inspiração de alguns jogadores, foi na raça que o FC Porto acabou por selar o apuramento, porque a exibição esteve longe de ser arrebatadora. Se na primeira parte os dragões estiveram bem e até poderiam ter construído um resultado confortável antes de o Portimonense ter chegado ao empate, com três oportunidades flagrantes para marcar, já a segunda metade foi desoladora, com os algarvios muitas vezes por cima no jogo. Aliás, o grande golo de Pedro Sá foi a consequência do atrevimento do Portimonense e um prémio para a equipa de Vítor Oliveira, que fez da rapidez nas transições ofensivas a sua estratégia para trocar as voltas a Sérgio Conceição. Nakajima, Wellington e Tabata foram setas apontadas à baliza do regressado Iker Casillas, que não ficou isento de culpas no primeiro golo, tendo contribuído de forma decisiva para alguma desorientação na defesa portista. De resto, marcar dois golos no Dragão não tem sido fácil. O Portimonense fêlo pela segunda vez esta época, mas voltou a perder, acentuando o sentimento de frustração. *