Uma entrevista do King ao ‘Record’
esta, foi para Tomar porque eu lá estava. A cumplicidade entre nós nasceu quando nos encontrámos pela primeira vez e durou até à morte dele.”
“Mesmo assim ainda fez alguns golinhos, em jogos de intensidade tremenda”, afirma o antigo extremo benfiquista, para quem a situação se colocava de forma clara e compreensível: “Para os nossos ad- versários, mais do que vencer o U. Tomar, a meta era ganhar ao Eusébio e ao Simões.”
Menos explosivo
Eusébio já não era o génio potente e explosivo que marcara o futebol mundial nos anos 60. “Pois não, era um distribuidor requintado, com visão de jogo e precisão impressionante no passe”, esclarece Bravo, para quem o Pantera Negra não perdera, apesar de tudo, uma das suas mais temíveis características: “O conceito de distância da baliza era relativo: estivesse ele a 30 ou mesmo a 40 metros, tudo podia acontecer. A potência e pontaria do tiro estavam lá, como nos bons velhos tempos.”
Para quem recebeu a dupla de ouro, já com a época a decorrer, “o facto só trouxe coisas positivas”, na medida em que “ambos se revelaram comprometidos com o clube e com o objetivo, infelizmente falhado, que era subirmos à I Divisão”. Para Bravo, o grupo fortaleceu-se a todos os níveis com os craques, cuja chegada teve ainda outra consequência, corroborando as palavrasa de António Simões: “Para lá de haver muito mais gente a ver os nossos jogos, em Tomar e nas localidades que visitávamos, em campo as equipas aumentaram a agressividade nos duelos. Todos queriam ganhar-nos fosse como fosse.” No “Record” de 22 de novembro de 1977, Eusébio concedeu uma entrevista ao jornalista Antero Fernandes à volta da nova etapa da sua carreira: RECORD – Satisfeito por ir representar o U. Tomar? EUSÉBIO – Muito satisfeito.
R – Mas trata-se de uma equipa da 2.ª Divisão…
E – Isso que importa? Tive convites de equipas da 1.ª Divisão e preferi vir para Tomar. Aliás tenho muita honra em envergar a camisola do U. Tomar. (...) Uma coisa será certa: irei dar o meu melhor esforço no sentido de colocar a equipa numa posição mais de harmonia com o seu valor e pergaminhos. Bem o merecem os seus associados, os seus dirigentes e a própria cidade.”