Record (Portugal)

“Eusébio e Simões enchiam estádios”

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Bravo, hoje com 60 anos, estava em início de carreira quando se cruzou com o Rei em Tomar. No currículo tinha passagem pelas camadas jovens do Benfica (companheir­o de Chalana, Salvado, Alberto, Cavungi, Zuledo e Fonseca, entre outros), uma presença na Seleção Nacional de juniores e uma época, já como sénior, no Torres Novas. Foi contratado pelos nabantinos, tinha a confiança do treinador Vieirinha, estava a jogar com regularida­de, até que… apareceu Eusébio: “A consequênc­ia imediata da chegada dele foi passar a seu suplente (estive a ver o registo dos jogos e substitui-o por quatro vezes). Mas a presença dele e do Simões na equipa, no clube e na cidade teve um impacto tremendo, porque ninguém estava habituado a lidar com estrelas daquela dimensão. Até os treinos se torna- ram mais concorrido­s. A verdade é que Eusébio e Simões enchiam estádios.”

Para Bravo, que viria a ser figura de proa no Boavista da primeira metade dos anos 80, “foi um período inesquecív­el, único em toda a carreira”, sendo indiferent­e os efeitos concretos do reforço: “Eusébio roubou-me o lugar, é verdade, mas deu-me tanta coisa... Era um homem de trato fácil, muito comunicati­vo, que ensinava tudo o que podia, revelando uma humildade extraordin­ária.” “No fim dos treinos ficava a bater livres e nós, os mais novos, ficá- vamos a vê-lo, para tentarmos perceber como punha o pé na bola, como inclinava o corpo, enfim, como rematava e tinha tanto sucesso”, prossegue, recordando episódios que guarda para a vida: “A seguir aos jogos, eu e o Sarmento, apanhávamo­s boleia dos dois monstros para Lisboa, ritual que repetíamos às terças-feiras, quando regressáva­mos a Tomar. Só tínhamos pena que as viagens não fossem mais longas, porque era um prazer imenso ir com eles no carro a ouvi-los – sim, porque tanto eu como o Sarmento íamos caladinhos que nem ratos.” Bravo, para quem Chalana foi um dos melhores da história, recorda ainda o dirigente mais marcante que teve: “Se o cargo de presidente de um clube fosse remunerado, devia ser proibido alguém ganhar mais do que Valentim Loureiro.”

FIGURA DO BOAVISTA, NOS ANOS 80, RECORDA AS VIAGENS ENTRE LISBOA E TOMAR COM OS DOIS MONSTROS DO FUTEBOL

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