PEDRO DIONÍSIO
Especialista em gestão e marketing do desporto sublinha que, na Rússia, o apoio será mais difícil
defensor da Seleção Nacional, estudioso dos sucessos de Portugal através do futebol, conhece a realidade pelos números das estatísticas, mas também por trabalho em campo. Pedro Dionísio, diretor da pós-graduação de gestão e marketing do desporto do INDEG-ISCTE, autor e coordena- dor de diversos estudos e livros sobre o tema e adepto ativo no apoio à Seleção Nacional, pioneiro de algumas iniciativas, como a bandeira digital em 2012, acredita que Portugal só beneficia com a presença no Mundial’2018, a quinta seguida, e lembra a caminhada rumo ao título europeu e a importância dos adeptos. Pedro Dionísio acompanha a Seleção por vários países, muitas vezes com um grupo “no mínimo de 200 pessoas” do INDEG. “À Suíça chegamos a ir 500”, lembra a experiência diferente da vivida este ano na Taça das Confederações, quando decidiu e conseguiu, “em 48 horas”, ir a São Petersburgo ver a Seleção.
Em 2016, esteve em França, festejou o título europeu e não tem dúvidas que houve um momento de viragem “quando Fernando Madureira e mais 100 pessoas que estão habituadas a apoiar” chegaram aos estádios franceses. Diz que “a Seleção tem défice de canções” e que só ganharia se fosse formado um grupo organizado de apoio à equipa portuguesa. “É preciso uma claque da Seleção. Há uns anos, a Holanda tinha as coisas muito bem organizadas a esse nível. É importante ter um grupo organizado, com valores positivos. As claques trouxeram aos clubes os aspetos bons, mas também os maus. Na Seleção são só os bons. Os clubes têm as músicas, a Seleção não tem. No Euro’2016 era o ‘Portugal Allez’ e pouco mais. A música do Abrunhosa não funcionou. Não era fácil, e as coisas têm de ser fáceis para agarrar”, defende.
“No Mundial será bastante mais difícil haver apoio, ao contrário de França, onde havia bastantes emigrantes. Na Rússia será mais difícil, mas o apoio nos estádios é fundamental também para o sucesso da Seleção”, afirma.
Imagem a defender
MOMENTO DE VIRAGEM, “QUANDO MADUREIRA E MAIS 100 QUE ESTÃO HABITUADOS A APOIAR” CHEGARAM A FRANÇA “A SELEÇÃO TEM DÉFICE DE CANÇÕES DE APOIO. A MÚSICA DO ABRUNHOSA NÃO FUNCIONOU, NÃO ERA FÁCIL” “COMO PAÍS GANHÁMOS NOTORIEDADE COM O FACTO DE ESTARMOS POR CINCO VEZES SEGUIDAS NO MUNDIAL”
O público que acompanha a Seleção mudou nas últimas décadas, assim como a imagem de Portugal. “Até há uns 20 anos era habitual confundirem Portugal com Espanha. Todos conhecemos e ouvimos histórias dessas. Ganhámos notoriedade com o facto de estarmos por cinco vezes seguidas no mundial, o evento em que se nota mais a existência de um país”, refere, acrescentando outro ponto positivo: a imagem de marca de Portugal. “Tal como as marcas comerciais também os países têm uma marca. E, nos últimos anos, com o futebol, somos associados à imagem de um país ganhador, não só pela Seleção mas também por termos Ronaldo.”