O italiano que não jogou
Àprimeira vista parece um puto de rua tirado de um livro de Roberto Saviano. Cabelo rapado, brincos, tatuagens e aquela expressão irrequieta de alguém nascido e criado numa cidade, ao mesmo tempo, bonita e decadente como Nápoles. Mas o baixinho Lorenzo Insigne é muito mais do que isso.
Será, provavelmente, o avançado italiano mais talentoso da atualidade. Um daqueles que se coloca em campo para ganhar jogos, como De Rossi lembrou ao assistente de um selecionador perdido, desorientado e impotente como foi Gian Piero Ventura durante o nulo contra a Suécia: “Vou entrar eu? Temos de vencer e não de empatar”, apontando para o jogador do Nápoles.
Insigne viu tudo semdireito a sair do banco. Sentado, sem poder ajudar, assistiu a uma das
DE ROSSI TINHA RAZÃO. SÃO ARTISTAS GANHAR JOGOS
páginas mais tristes na história do futebol italiano. Nada é garantido. Podia entrar e desenhar a jogada que punha o seu país no Campeonato do Mundo do próximo ano. Ou então afundar-se no jogo de cruzamentos sem sentido que os italianos insistiram em oferecer às torres suecas.
Mas nemumacoisanemoutra. Este último capítulo da desgraça azzurra não teve a sua colaboração. Para ele, no entanto, ainda há futuro, ao contrário de Buffon, De Rossi, Barzagli ou Chiellini. E Insigne é um dos melhores que a Itália pode ter a curto prazo, rumo ao Euro’2020. Na época passada foram 18 golos e nove assistências na Serie A. Esta temporada continua a ser uma das principais figuras na fantástica equipa de Maurizio Sarri. De Rossi tinha razão. Alguém assim tem de jogar. São artistas como Insigne que podem ganhar jogos e evitar as lágrimas de um país quatro vezes campeão mundial.