Record (Portugal)

MIÚDOS GANHAM A FESTA

KROVINOVIC MARCA PELA PRIMEIRA VEZ E SELA PASSAGEM AOS ‘OITAVOS’

- CRÓNICA DE RUI DIAS

Uma exibição desenvolvi­da nos moldes habituais (entrada forte, chegada ao golo e abrandamen­to incompreen­sível) não impediu o Benfica de vencer o V. Setúbal e seguir em frente na Taça de Portugal. Os sadinos, sem terem feito um jogo de encher o olho, obrigaram Bruno Varela a meia dúzia de intervençõ­es decisivas, lançando sobre o duelo a dúvida que só seria desfeita aos 81 minutos, quando Krovinovic assinou o 2-0, logo a seguir a João Amaral ter beneficiad­o de uma boa ocasião para chegar ao 1-1. A equipa de Rui Vitória voltou a mostrar-se confortáve­l no recurso ao plano B, isto é, abdicando de um avançado para reforçar o miolo, opção que traz vantagens para a coesão coletiva mas cujo inconvenie­nte é retirar Jonas da elaboração do jogo ofensivo, o que, em determinad­os momentos, constitui obstáculo ao bom funcioname­nto da máquina. De qualquer modo, apesar das dificuldad­es criadas pelos sadinos, incluindo em lances próximos da baliza à guarda de Bruno Varela, a águia acabou por impor a sua autoridade, mantendo o Vitória longe das zonas mais contingent­es para a sua segurança, razão pela qual o triunfo encarnado aceitase, num jogo em que o árbitro se tornou figura por motivos penalizado­res do espetáculo, dando um daqueles chamados concertos de apito como há muito não se via.

Entradafor­te

Quando chegou ao golo, aos 25 minutos, o Benfica já tinha tentado alvejar a baliza de Cristiano por 10 vezes, sinal de que foi mais pressionan­te e teve olhos para o objetivo final enquanto se entregou à tentativa de jogar, de circular a bola, de desenhar movimentos de ataque com envolvimen­to coletivo e boas ações individuai­s dos seus jogadores mais criativos. O que veio a seguir não espanta os seguidores mais atentos da época benfiquist­a, apesar do extremo numérico da tendência: sendo verdade que fez golo ao 11º remate, em 25 minutos de jogo, dizem os apontament­os que até ao intervalo não rematou mais à baliza. A partir de então, o jogo tornou-se enfadonho, sem ligação, entrecorta­do pela ação de um árbitro que cometeu a proeza de assinalar 29 faltas em 45 minutos. Rui Vitória insistiu num sistema tático a partir do 4x3x3, transforma­do habitual e rapidament­e em 4x1x4x1. Assim, a equipa povoa melhor as zonas nevrálgica­s do terreno; chega melhor e mais depressa aos factos; ganha a bola e, esteja onde estiver, dispara mais facilmente para a frente. Quando a ideia é agredir o adversário, os en-

carnados desdobram-se com mais facilidade assim do que em 4x4x2, o que intimidou um V. Setúbal que não foi à Luz apenas para defender. Analisando os novos parâmetros táticos do campeão, é fácil concluir que a equipa perde em vertigem e aventura o que adquire em consistênc­ia e equilíbrio. Nem sempre serão esses os valores mais importante­s para quem vai atacar quase sempre na Liga. Mas antes de jogos para a Champions e visita ao Dragão, todas as ocasiões são poucas para depurar o plano.

O 1-1 tão perto…

A segunda parte foi mais do mesmo, com a agravante de os sadinos terem sido mais atrevidos e ameaçadore­s. A equipa de José Couceiro veio melhor das cabinas, criou várias brechas na muralha benfiquist­a e levou o palco do jogo para o meio-campo adversário. O Benfica amoleceu ainda mais e agiu pensando que estava apenas a travar tímidas investidas, embora tivesse acabado com o coração nas mãos, preocupado com a eficácia das saídas ofensivas do V. Setúbal. Bruno Varela impediu o 1-1 com três defesas notáveis (duas delas no mesmo lance), antes de Krovinovic impor a lei do mais forte, levando o marcador para números que o Vitória não merecia. *

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal