Record (Portugal)

Uma inesperada troca de camisolas

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O momento mais inesperado do encontro entre Gelson e Merlim, a propósito da Ronda de Elite da UEFA Futsal Cup, que amanhã arranca no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, aconteceu quando o extremo da equipa de Jorge Jesus revelou o desejo de trocar uma camisola com o ala da formação de Nuno Dias. Uma situação normal, se ambos os atletas viessem munidos do equipament­o que utilizam nos jogos, o que não era o caso. Foi necessário recorrer ao departamen­to de marketing do clube para que, em poucos minutos, aparecesse uma camisola e Record tivesse a oportunida­de de testemunha­r a admiração que Gelson nutre por Merlim. E vice-versa. aquela que hoje praticam. Futebol, no caso de Gelson Martins. Futsal, no de Merlim.

“Numa altura em que estava já há três anos a jogar futebol de onze, sentia-me um pouco cansa- do e quis mudar para o futsal”, recorda o internacio­nal português, de 22 anos, prosseguin­do: “Vim ao Sporting participar nas captações, e eles queriam que eu ficasse, mas o Fófó [n.d.r.: nome popular do Futebol Benfica] não me deu a carta para eu sair.”

Nada havia a fazer. Até porque, recorda Gelson, o clube recusavase a perder a principal joia. “Disseram-me que tinha capacidade para jogar futebol e que não iriam deixar-me sair. Fiquei mais um ano, e depois vim para o Sporting”, acrescenta o futebolist­a leonino. A história de Merlim é um pouco diferente. Aconteceu em Itália. “Estive em Itália oito anos e comecei por jogar futebol de onze. Se não desse certo, passaria para o futsal. No Brasil, a maioria dos jogadores começa pelo futsal, para aprender a jogar em espaços mais reduzidos. Por isso os brasileiro­s são tão habilidoso­s”,exemplific­a o internacio- nal italiano, de 31 anos, que viu a sua carreira dar uma volta quando regressou ao país natal.

“No Brasil, é muito difícil tornarmo-nos jogadores de futebol de onze, devido à grande concorrênc­ia. Naquela época, eu tinha uma bolsa de estudo para um colégio particular e para jogar futsal. Che-

“POR VOLTA DOS 16 OU 17 ANOS, OPTEI PELO FUTSAL, POR CAUSA DA BOLSA NO COLÉGIO E POR NÃO TER OPORTUNIDA­DES NO FUTEBOL”

gou a uma altura, por volta dos 16 ou 17 anos, em que optei pelo futsal. Por causa da bolsa no colégio e também por não ter oportunida­des de jogar futebol de onze”, confessa, entre sorrisos, o jogador em quem os sportingui­stas depositam grandes esperanças para a Ronda de Elite da UEFA Futsal Cup. *

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