A união faz a força
O MOVIMENTO, DENOMINADO G15, PODE DAR O PONTAPÉ DE SAÍDA PARA UM PERÍODO DE COOPERAÇÃO CAPAZ DE TRAZER MELHORIAS À COMPETIÇÃO E MAIS CONDIÇÕES A TODOS OS CLUBES
Insatisfeitos com o atual estado do futebol português, os 15 clubes da 1.ª Liga (à exceção dos 3 grandes) parecem estar interessados em mudar o panorama. Este movimento, denominado G15, pode dar o pontapé de saída para um período de cooperação capaz de trazer melhorias à competição e mais condições a todos os clubes participantes.
Éimportantequea ‘classe média’ do futebolnacional possa ter uma palavra a dizer no que respeita à evolução da própria ‘indústria’. A troca de ideias e o aparecimento de novas propostas que sejam benéficas para todos é salutar e faz todo o sentido. Não podem ser apenas os três grandes a servir de alavanca para dossiês relevantes e a defenderem os seus próprios interesses. Um clima de diálogo e reflexão é essencial.
Enumafase emque Benfica, FC Porto e Sporting parecem mais entretidos com outras questões, esta ‘minirevolta’ do G15 deve servir de alerta. E essa foi mesmo uma chamada de atenção que o presidente do Braga, António Salvador, fez questão de salientar – “os 3 têm de perceber que os restantes 15 clubes fazem parte do campeonato”, disse – mostrando que esses emblemas têm igualmente direitos a ser defendidos.
Uma nova reunião do G 15, na pró- ximasemana, poderá abrir ainda mais o leque sobre os temas que estes clubes querem aprofundar. “Os não grandes vão ter uma palavra importante na viragem do futebol português”, referiu o líder bracarense. Esta voz uníssona parece um indício que estes clubes reúnem consensos e compondo eles a larga maioria do quadro competitivo do principal escalão do futebol nacio- nal, poderão ganhar maior representatividade, em articulação, claro, com a Liga, a FPF e os 3 grandes.
Nãoassumindo posição conflituosa com ninguém, o G15 identifica injustiças e necessidades em comum que levam os clubes a procurarem uma forma de se fazerem ouvir e desempenharem um papel mais ativo e alguns dos temas abordados são extremamente relevantes.
Aproibição ou limitação dos empréstimos entre clubes do mesmo escalão poderá ser uma ideia interessante, capaz de trazer menor dependência face aos 3 grandes. No entanto, há também que perceber se isso retira ou não espaço competitivo aos jovens jo- gadores portugueses que os principais clubes costumam rodar na 1.ª Liga.
As alterações ao sorteio condicionado do campeonato( cujo atual modelo tende a beneficiar os grandes), assim como a antecipação do fecho da janela de transferências de verão para uma data antes do início da prova (medida que a liga inglesa também vai adotar) parecem ideias com pernas para andar.
O G15 NÃO TOMA POSIÇÕES CONFLITUOSAS E TAMBÉM IDENTIFICA INJUSTIÇAS E NECESSIDADES COMUNS
Por seu lado, a inclusão de ex-árbitros de elite para a função de VAR (ideia que também já partilhei), a utilização das mesmas câmaras em todos os estádios e a introdução das linhas de fora-dejogo e tecnologia de linha de baliza constituem medidas que, à partida, seriam benéficas para uma maior verdade desportiva e igualdade de tratamento em todos os campos.
A segurança nos estádios( tema que merece forte reflexão ), a promoção das competições edosjog adores( só assim se pode projetar uma boa imagem e conteúdo interessante com as verdadeiras estrelas da liga) e uma tentativa de mudar a forma como se discute futebol no nosso país, parecem ser um aliciante ponto de partida para que se tomem medidas positivas e que tenham efeitos positivos. A posição assumida por este G15 merece ser seguida com atenção.