“Gonçalo Paciência terá nível internacional”
Asaída de Gonçalo Paciência para o FC Porto, depois de últimas exibições notáveis, é um golpe muito duro para as aspirações do Vitória?
JC – É evidente que a saída dele nos deixou desiludidos porque, no final de julho, o Gonçalo não tinha ainda colocação. Sabíamos que no início desse mês não seríamos primeira opção, embora sempre tivéssemos manifestado interesse em tê-lo connosco. Quer isto dizer que pouca gente acreditava nele. E não fui só eu, apesar da importância do meu parecer: estou a falar da direção, dos adeptos e dos próprios jogadores.
Um dos primeiros episódios da passagem dele pelo Vitória foi ter marcado um golo na própria baliza frente o Belenenses, treinado pelo pai Domingos…
JC – Uma enorme infelicidade, suscetível de criar ondas negativas à volta, algo em que os portugueses são especialistas. Nesse mesmo dia ficou a saber que seria titular no jogo seguinte, porque aqui ninguém desconfia de ninguém. E, frente ao Sp. Braga, jogo que vencemos, deu uma resposta fantástica. Prosseguiu o seu caminho e teve um momento fantástico com a convocatória para a Seleção Nacional e consequente internacionalização frente aos Es ados Unidos.
Como o caracteriza na qualidade de homem e jogador?
JC – É um bom miúdo, muito inteligente, que soube agarrar todas as oportunidades que a época lhe proporcionou. Adaptou-se perfeitamente a Setúbal e ao Vitória, não facilitou e mostrou-se na plenitude neste momento de maior visibilidade, na Taça CTT, frente a um adversário poderoso, o que deu ênfase à sua performance.
Estava de alguma forma à espera que ele saísse?
JC – Não, não contava que ele partisse. Nem eu nem ninguém no clube. Pelo contrário, pessoalmente acreditava que ele iria con- tinuar a jogar e a evoluir connosco. A desilusão é maior porque há seis meses poucos acreditavam nele. Mas a vida é mesmo assim. Acresce a esta sensação que tudo se decidiu no último dia do mercado.
Até onde poderá ele chegar? JC – Nada lhe falta para ser um jogador de topo. Já está lá em cima, é verdade, mas tem tudo para ser um avançado de nível internacio- nal. Ele sabe que, quando entrou no V. Setúbal, o meu desafio com ele foi simples. Disse-lhe com todas as letras: “Quero ir ver-te jogar a Moscovo no fim da época.” A chamada à Seleção e o jogo com os Estados Unidos deram credibilidade ao que estava em causa. Feitas as contas ao que aconteceu, só estamos satisfeitos por ele, que regressa a casa e espera ser feliz. Todo o nosso grupo, sem exceção, vai ficar a torcer pelo seu êxito. É que, como diz o meu amigo Quinito sobre ele “é um miúdo bonito a jogar”. *
“QUANDO ELE ENTROU NO BONFIM, DISSE-LHE QUE QUERIA IR VÊ-LO JOGAR A MOSCOVO NO FIM DA ÉPOCA”