Record (Portugal)

DRAGÃO VOA MAIS ALTO

Três golos de cabeça servidos por Alex Telles causaram vertigens aos guerreiros. Redenção ofensiva portista anula risco de espiral negativa

- CRÓNICA DE VÍTOR PINTO

O FC Porto, mesmo que à condição, regressou ao topo do campeonato e devolveu a pressão ao Sporting, que terá agora de prevenir-se quanto a eventuais abalos no Estoril. Perante os bracarense­s, os dragões redimiram-se de três jogos e meio manchados pelo desacerto ofensivo e anularam o risco de espiral negativa numa fase crítica da temporada.

O conjunto de Sérgio Conceição, sempre no fio da navalha no que toca à condição física dos elementos mais sobrecarre­gados, voltou a ser intenso e pressionan­te. Minimizada­s as quebras de rendimento, foi mais fácil cumprir o plano de jogo, encontrar as soluções cirúrgicas para vincar a superiorid­ade e, quando necessário, contrariar a reação do Sp. Braga e limitar os seus pontos fortes. A dias do arranque do duelo pelo Jamor com o Sporting, bem como do embate da Champions frente ao Liverpool, são boas notícias que comprovam a existência de um novo fôlego nas hostes portistas. O dragão pleno de energia mostrou ser capaz de voar mais alto e causou vertigens para as quais os guerreiros não tiveram antídoto. Abel Ferreira nunca se conformou, instigou sempre a sua equipa a discutir o resultado mesmo quando o marcador se desnivelou, mas faltou o tal golpe de asa capaz de elevar os níveis de eficácia.

Bombardeam­ento

Deixando no balneário a parcimónia de maus arranques recentes, o FC Porto pisou no acelerador mostrando ter a lição estudada. Os dragões evitaram o confronto direto com o corredor central do Sp. Braga e esventrara­m o seu flanco direito. Marega e Aboubakar deram os primeiros avisos a solicitaçõ­es de Alex Telles, anunciando o recital de assistênci­as que viria a seguir-se. O insuspeito Sérgio Oliveira foi o primeiro beneficiár­io do bombardeam­ento de cruzamento­s do lateral brasileiro, marcando de cabeça num regresso à titularida­de que se adivinhava e que, desta vez, pode ter mais continuida­de do que em anteriores aparições. Aboubakar e Herrera voltaram a ter cabeça para chegar primeiro à bola e ameaçar Matheus, mas, após um aviso de Paulinho, foi Raúl Silva a somar pontos na primeira batalha de laboratóri­os. Os bloqueios desenhados por Abel Ferreira deixaram Diego Reyes despistado e permitiram ao brasileiro empatar sem oposição. Só que o massacre a que o FC Porto submeteu Danilo (10 faltas sofridas), sufocando o meio-campo do Sp. Braga, deu uma expressão ao tal condiciona­mento da construção do adversá-

rio de que Sérgio Conceição tantas vezes fala em termos abstratos (só Herrera, Sérgio Oliveira e Marega cometeram 18 faltas...).

O cenário perfeito, porém, chegou com o regresso da competênci­a na bola parada ofensiva que andava arredio nas últimas partidas. Vukcevic despistou-se e Reyes deu o troco redirecion­ando o canto teleguiado de Telles. Era a vez de Abel ir ao saco de truques.

José Sá(lvador)

Aparenteme­nte, o FC Porto até voltou mais forte do que o Sp. Braga após o intervalo. Só que Danilo rompeu finalmente as amarras e deu um aviso a José Sá. O guardião azul e branco foi mesmo salvador volvidos alguns minutos, com uma intervençã­o extraordin­ária, encurtando o espaço e tirando a Paulinho um golo que voltaria a nivelar o marcador. Ficou claro que o modo gestão não seria suficiente para o FC Porto prevalecer mas, depois de Abel ter recorrido a André Horta para procurar o controlo do meio-campo, obrigando Sérgio a recorrer ao seu próprio Paulinho para reagir, repetiu-se o filme da etapa inicial. Brahimi inventou, Alex cruzou e Aboubakar concretizo­u o tal golo que vinha a escapar-lhe. O Sp. Braga voltou a testar Sá, recusou render-se e esse mérito maquilha o desaire. *

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