“NÃO SOU UMA VÍTIMA”
Háaqui uma relação aparentementecomplicada,dir-se-iaquepor vezesdeumacertahipocrisia,entre a Liga e a Federação. É uma vítima, como sugeriu Bruno de Carvalho ementrevistaaRecord?
PP - Não, não souumavítima. Antes pelo contrário. Tenho de dizer que, durante o percurso destes dois anos e meio, a Federação tem sido um parceiro muito comprometido com a Liga.
E às vezes muito intrometido? PP - Eu direi que, em pessoas de bem, que têm convicções diferentes, tomam-se, às vezes, caminhos diferentes. Mas háumrespeito muito grande entre as instituições. Eu tenho um grande respeito pelo dr. Fernando Gomes, que foi absolutamente fundamental no momento emque euchegueiàLiga, parapoder restabelecer a normalidade das competições profissionais. A dívida daLigaàFederação, quando eucheguei, era de cerca de 4 milhões de euros. Foi possível reestruturá-la com a ajuda da própria Federação e do dr. Fernando Gomes. Foipossível renegociar o protocolo que existia entre a Liga e a Federação em matérias relacionadas como custo das arbitragens, os custos da disciplina, das taxas de transferências de jogadores. Portanto, a Federação soube interpretar as dificuldades da Liga e ser um parceiro fiel e comprometido.
Ofinanciamento do VAR…
PP - Aquestão davídeo-arbitragem foi um projeto de conjunto e que só foi possível porque, verdadeiramente, aFederação reconheceu que era sua responsabilidade trazer um novo alento relativamente às questões de ar- plo, quatro jogos consecutivamente, pode ficar num lugar de promoção. Temos de saber respeitar os regulamentos. Todos sabíamos que uma solução deste tipo não iria ser uma decisão limpa de críticas, mas penso que, de um forma ponderada e tranquila, se conseguiu chegar a um bom objetivo. Podemos hoje dizer – Federação, Liga, Gil Vicente e Belenenses – que encerrámos o caso, o que nos faz sentir muito satisfeitos. * bitragem. Isso foi conseguido.
Falou da arbitragem e da disciplinaforadaLiga. Quervê-lasnaFederação ou considera que deveriamexistiroutrosórgãosmaisdistantes e autónomos?
PP - Há vários modelos que nós podemos seguir. O modelo inglês tem essa autonomia, tanto do poder disciplinar como do poder de arbitragem, num edifício completamente fora da Federação e da Liga. Eu costumo dizer que o que faz os próprios organismos são as pessoas que lá estão. Tenho como claro que quer a disciplinaquer aarbitragemnão devem estar na Liga. Se esse modelo se restringe a estar única e exclusivamente na Federação ou se deve haver umedifício autónomo, é algo que deve ser discutido.
Afinal da Taça CTT não teve árbitrosdebaliza. Consideraquehouve mávontade por parte do Conselho de ArbitragemdaFederação? PP - Está a falar só da final…
Sim,só dafinal…
PP - Nafinalfour, nos dois primeiros jogos tivemos árbitros de baliza…
Mas no jogo mais importante não houve…
PP - Por uma razão muito simples. Nós, na Liga, não somos técnicos de arbitragem e, portanto, a determinada altura o CA considerou que tecnicamente era melhor não existirem árbitros de baliza. Nesse sentido, como nós não nos imiscuímos nessa área, aceitámos as suas indicações com naturalidade.
Ficou satisfeito com os argumentos?... É que o presidente da Ligafoiconsiderado o melhorárbitrodoMundo…Énaturalquetenha umaopinião técnica.
PP - O que interessava era a salvaguardado bomandamento, emtermos de arbitragem, daquela competição, e penso que foram salvaguardadas essas questões. Nós tivemos na final four vídeo-árbitro, o goalline tecnology e emalguns jogos árbitros de baliza. A prova foi reconhecida por toda a gente como algo bem feito.
Em relação a árbitros e arbitragem, houve algumas ameaças de greve,curiosamente,tendosempre aTaçadaLigacomo alvo. Achaque os árbitros não gostam de si? Já agora, como está aquestão darevisão dos prémios?
PP - Não pessoalizo no presidente da Liga, que é umex-árbitro e que, portanto, já não é árbitro. Não teriam de existir relações privilegiadas pela carreira que tive num passado recente. A Liga não deve negociar diretamente com os árbitros os seus honorários. Essa negociação deve ser feita entre a direção da Liga e a direção daFederação. Averdade é que a Liga atravessava grandes dificuldades económico-financeiras e só no final desta época é que nós vamos conseguir fazer o ‘turn over’. Também nós temos a consciência que pedimos aos árbitros muitos sacrifícios para que pudessem durante mais um ano não terem o restabelecimento dos seus honorários em virtude daquilo que nos últimos anos lhes tinhasido retirado. As negociações estão na sua fase terminal, as coisas têm corrido muitíssimo bem com os interlocutores, nomeadamente com a APAF. É evidente que todas estas matérias são muito sensíveis, mas penso que temos encontrado sempre as plataformas de entendimento e de diálogo.
A APAF tem sido um parceiro lealnestanegociação?
PP - Tem sido muito leal. Não só a APAF, mas também o Sindicato dos Jogadores a Associação Nacional de Treinadores.
PodefazerumbrevebalançosobreaimplementaçãodoVAR?Considerajusto haveressaferramenta em provas como a Taça da Liga e a Taça de Portugal só na última fase dacompetição?
PP - Começo pela última pergunta. Avídeo-arbitragemnecessitade um investimento ao nível das infraestruturas, que nesta primeira fase foi feitasó comos 18 clubes daLigaNOS. Aquilo que queremos, tanto nós como a Federação, mesmo sendo umatecnologiacomgrande investimento, é que num futuro próximo todas as competições profissionais possam ter vídeo-árbitro. Isto terá de acontecer de forma faseada, até porque estamos no primeiro ano.
Podemos contar com o Olho de Falcão na próxima época na 1.ª Liga?
PP - O grande problema do Olho de Falcão tem a ver com o custo/ bene-
“A VÍDEO-ARBITRAGEM NECESSITA DE UM INVESTMENTO AO NÍVEL DAS INFRAESTRUTURAS”