O acessório e o essencial
Quem deve ter suspirado de alívio pela confusão gerada durante e depois da assembleia geral do Sporting de sábado foi Luís Filipe Vieira e todo o Benfica. De um momento para o outro, a Operação Lex deixou de dominar a agenda mediática, sendo substituída pela ameaça de demissão de Bruno de Carvalho, que ocupou diretos durante quase uma hora para dizer uma coisa por outras palavras: quer ser reconhecido pelos sócios.
O presidente do Sporting foi eleito há menos de um ano com uma esmagadora maioria dos votos e isso dálhe crédito para gerir o clube seguindo o rumo que determinou. Mas todo o ruído criado – e talvez o próprio Bruno de Carvalho não esti-
PARA O SPORTING SERIA MELHOR QUE CONTINUASSE O LUME SOBRE O BENFICA
vesse à espera que fosse tanto – acaba por ser aquilo de que o Sporting não precisava nesta altura. Por uma questão estratégica, de comunicação e não só, para os leões seria muito mais conveniente que o Benfica fosse ardendo no lume brando dos vários casos judiciais que têm atingido o clube, direta ou indiretamente.
Bruno de Carvalho acabou, uma vez mais, por pôr-se a jeito para críticas, transformando o acessório em essencial. O que disse sobre o seu “sequestro”, os insultos que recebe, a vida pessoal, é amplificar de forma injustificada algo que atinge, em maior ou menor escala, qualquer pessoa que tenha espaço mediático. Custa, mas... faz parte. Verdade seja dita: Bruno de Carvalho também pouco faz para colocar a sua vida pessoal de lado e fora da esfera de presidente do Sporting. Aliás, bem pelo contrário. Quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele.