Record (Portugal)

UM TIQUINHO DE IRONIA

E ao terceiro jogo, um golo que resolveu o clássico mas não decidiu a eliminatór­ia. Soares foi o herói depois de ter sido vilão. É assim a vida

- CRÓNICA DE ANTÓNIO MAGALHÃES

preciso esperar pelo minuto 240 para se fazer... golo no clássico. Coube a Soares o privilégio, ele que tinha marcado na Taça CTT... só que então não valeu. Nessa noite em Braga, Soares saiu zangado e sofreu as consequênc­ias do amuo. Castigado, foi desculpado e, ironia do destino, voltou para resolver.

Este FC Porto-Sporting, apesar da tática fechada de Jesus, acabou por ser mais... aberto do que os outros. Não faltaram oportunida­des e os leões até tiveram mais do que nos jogos anteriores. Porém, o clássico só deu um golo, pelo que a eliminatór­ia está por decidir.

Jesus inova

Sérgio Conce iç ão ap o s to u e m Soares no mesmo desenho táti- co que tinha utilizado com o Sp. Braga. Nada de novo. A surpres a ve io de Je s us , que re c uo u ao jogo da Champions em Barcelona p ara re c upe rar o e s que ma do s trê s c e ntrais . S ó que de s ta vez com um homem mais móve l na fre nte ( Doumbia e m ve z de Alan Ruiz).

O propósito do Sporting foi evidente: promover um jogo mais conservado­r a limitar ao máximo os caminhos que podiam levar à sua área. O problema é que uma opção tática como esta encontra-se pouco apurada, pelo que os leões andaram muito tempo à procura das suas posições.

Diferenças

Apesar deste aparente desequilíb­rio , o j o go c o me ç o u dividido , e mb o r a o F C P o r t o ap ar e - c e s s e s e mp r e e xp lo s ivo no últ imo t e r ç o , c he gando r e gular - mente e c o m p e rigo à áre a le o - nina. Ao S p o r t ing falt ava trans porte de bola e ligaç ão aos ho mens da fre nte . Ao FC P o rto s o b r ava fluide z e c ap ac idade de aceleração.

Com toda a naturalida­de, foi o FC Porto que esteve mais perto do golo. E mais do que uma vez. A primeira (20’) foi anulada pela mancha de Patrício a Brahimi (grande passe de Corona); a segunda (28’) foi o poste que evi- tou o golo em livre de Sérgio Oliveira; a terceira (30’) foi a bota de Herrera que só resvalou na bola quando estava na cara do golo.

O Sporting andou a pôr gelo no fogo do dragão, mas se muitas vezes evitou a propagação das chamas, teve dificuldad­es em sair em ataque organizado e, quando recuperou a bola na frente, definiu mal os lances.

Mas o futebol tem os seus mistérios e pertenceu ao Sporting uma das melhores ocasiões de golo. Aos 40’, Acuña arrancou, passou a Gelson e este ofereceu o remate de bandeja a Ristovski. Casillas desviou para canto.

Soares afinal é fixe

A 2ª parte começou como acabou a primeira: nova grande chance para o leão. Bruno Fernandes foi à linha de cabeceira cruzar para Doumbia, que fez o remate milagrosam­ente desviado por Ricardo. O FC Porto acusou o toque e o jogo voltou a estar dividido. O Sporting estava melhor acomodado à tática e mais confortáve­l no jogo. Conseguia ter mais bola e construir alguma coisa. Mas dos erros e dos detalhes pode nascer uma situação que tudo transforma. Foi o caso de uma perda de bola de Bruno Fernandes em zona perigosa. O corte de Mathieu foi parar aos pés de Sérgio Oliveira, que centrou com conta, peso e medida. Soares fez o resto com toda a ironia do destino associada ao momento. O FC Porto aproveitou bem o balanço e quase marcou de novo (65’), outra vez por Soares (enorme Patrício a defender). O sinal era azul mas aí as alterações produzidas... mexeram com o jogo. Jesus recuperou o figurino habitual e a equipa conquistou bola e depois arriscou e ganhou terreno. Com Otávio e Hernâni em campo, o FC Porto tornou-se mais repentino e direto mas perdeu controlo. Se Rúben Ribeiro tivesse tomado outra opção ou se Felipe não estivesse no caminho da bola, poderíamos ter novo empate no clássico. Ficou 1-0 e ficou bem assim. *

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