Record (Portugal)

Sérgio desembrulh­ou o ‘catenaccio’ de Jesus

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Era previsível que o Sporting aparecesse no Dragão com cinco defesas?

Sérgio Conceição admitiu que sim e até lembrou que o Sporting já tinha feito o mesmo em Camp Nou, com o Barcelona. O treinador do FC Porto disse que “basta conhecer bem Jorge Jesus para se antecipar algumas decisões”. Acertou em cheio e acabou por merecer a vitória. Curta, mas justíssima.

O que terá levado Jorge Jesus a ter tomado essa opção estratégic­a?

O reconhecim­ento de que o FC Porto está, nesta fase, mais forte do que o Sporting. Se Jesus repetiu ontem, no Dragão, o desenho tático que reservara para o Camp Nou, isso quer dizer, obviamente, que o técnico do Sporting se ‘resguarda’ quando percebe que do outro lado está uma força superior.

Não estará essa opção mais associada ao esquema tático do adversário?

Não será o caso. O Barcelona surgiu nesse jogo em 4x3x3 (Vidal, Suárez, Alcácer), enquanto o FC Porto esteve com o 4x4x2 do costume, embora sem a principal referência ofensiva (Aboubakar). E, na verdade, há poucos pontos de contacto entre os processos de construção do FC Porto e do Barcelona.

Em que aspeto é que Sérgio Conceição se superioriz­ou de forma mais evidente ao treinador do Sporting na ‘guerra dos bancos’?

‘Jogar como se treina’ é sempre a melhor solução. Se apresentou a defesa a 5 pela segunda vez esta época, com certeza que também terá treinado dessa forma. A ideia era clara: condiciona­r o jogo exterior do FC Porto, claramente o seu ponto mais forte. Não funcionou, porque os dragões voltaram a ser dominadore­s, mais ameaçadore­s e merecedore­s da vitória que, desta vez, conseguira­m.

Piccini, sem bola, apareceu desta vez numa posição mais interior, próximo de Coates, assumindo-se como o terceiro central . Resultou? Quando se muda e se perde... nunca resulta. Não foi por essa alteração que o Sporting perdeu, nem foi por isso que foi inferior. Com outros formatos táticos no leão, o FC Porto já tinha sido superior em Alvalade (Liga) e também em Braga (Taça CTT). A verdade é que Conceição tem sido melhor.

Jesus afirmou que um empate 2-2 ou mesmo 3-3 se ajustaria melhor. É uma leitura correta?

O FC Porto fez 13 remates e o Sporting 6. É possível uma equipa marcar 3 golos fazendo 6 remates, mas é um registo raro. Não creio que o empate fosse o resultado mais justo.

O quarto de hora final foi o melhor período do Sporting. Porquê?

Porque Jesus trocou Ristovski por Rúben Ribeiro e devolveu a equipa ao seu 4x4x2 natural. Tudo melhorou: circulação no meio-campo, referência­s defensivas (mais claras) e b ola a ent rar mais facilment e no últ imo t erço ofensivo . P oderia (deveria) t er mudado mais cedo.

Sérgio Oliveira foi o homem do jogo?

Fez um jogo ‘cheio’, quase sem erros. Parece cada vez mais um ‘produto acabado’ e, se jogasse sempre a este nível, seria um sério candidato aos 23 convocados de Fernando Santos para o Campeonato do Mundo. O mesmo deve dizer-se, aliás, do Ricardo Pereira que ontem ‘voou’ no Dragão. Que jogador!

E o melhor do Sporting? Rui Patrício, claramente.

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