“Melhor prenda de aniversário seria ganhar ao FC Porto”
Presidente da SAD do Chaves festeja amanhã o 40.º aniversário e o melhor presente possível seria a vitória sobre o FC Porto. O dirigente deseja que o clube represente todos os transmontanos e garantiu a Record que o objetivo da época continua a ser apenas
Faz 40 anos amanhã, no dia do Chaves-FC Porto. Qual seria o melhor presente de aniversário? FRANCISCO JOSÉ CARVALHO – Ganhar ao FC Porto se calhar é pedir muito, mas seria uma grande prenda.
Não é impossível, na época passada ganharam aos grandes... FJC – Ganhámos ao Sporting, com o FC Porto perdemos, conseguimos foi eliminá-los na Taça de Portugal, ganhámos nos penáltis. No início da época não assumiram a candidatura aos lugares europeus mas agora não estão muito longe. Está na altura de assumi- rem esse objetivo?
FJC – Não. O objetivo da época é apenas a permanência.
Mas é público que o sonho do seu pai, Francisco Carvalho, é ver novamente o Chaves nas competições europeias.
FJC – O sonho do meu pai e não só, é o sonho de toda a família. No entanto, é prematuro pensar nisso, ainda é apenas o nosso segundo ano no escalão principal. Neste momento, o objetivo é estabilizar o clube na 1ª Liga, depois de o conseguirmos será possível pensar na Liga Europa.
Esse é o objetivo real ou, como acontece muitas vezes, é o discurso para fora mas a nível interno têm outra meta?
FJC – Não é o nosso caso. Não pen- samos mesmo nisso. Claro que não é impossível, neste momento estams a três pontos do Rio Ave, mas a nossa principal meta é conseguir a consolidação do clube na 1ª Liga, não há pressão pela Europa. Fazer melhor do que na época passada, quando terminámos em 10º e construir uma equipa, não mexer muito.
Então, se terminarem em 7.º ou 8.º já ficam satisfeitos?
FJC – Sim, nesse caso teremos cumprido o objetivo. Se for assim, na época seguinte tentaremos fazer melhor ainda. Queremos dar um passo de cada vez, crescer de uma forma sustentada, toda a estrutura do clube, profissionalizar o Chaves cada vez mais.
Esse crescimento sustentado parece que está a ser conseguido. Depois daquela época da subida falhada no último minuto, o Chaves entrou nesta fase positiva. FJC – Estivemos três épocas desportivas para chegar à 1ª Liga. Houve aquele ano terrível, em que no último minuto do campeonato sofremos um golo e passámos de campeões para o 3º lugar. Foi uma grande desilusão e pensámos mesmo em desistir. Estávamos cansa- dos e foi duro esse falhanço. Eu e o meu pai ponderámos bem, mas o sonho falou mais alto e acabámos por continuar.
Para este atual período de consolidação, era essencial ter Luís Castro como treinador?
FJC – Grande profissional, um treinador superexigente, é bom para um clube em crescimento como o Chaves e para uma estrutura como a nossa, que está no futebol há poucos anos. O Luís Castro é muito experiente, esteve num grande clube como o FC Porto, está a ajudar-nos muito, criou departamentos que não existiam no clube. Ou seja, não trabalha só na parte técnica do futebol.
FJC – Exatamente, sugeriu várias coisas. No fundo é um gestor, gosta de saber tudo o que se passa no fu- tebol profissional do clube. Como é a sua relação com o treinador?
FJC – Muito boa, o Luís Castro é uma pessoa com quem se pode conversar facilmente, aceita a opinião dos outros. Gente boa, como profissional e como pessoa.
O contrato do treinador termina no final da próxima época. Já pensam em ampliar essa ligação? FC – Ainda não pensámos nisso. Neste momento estamos só preocupados em atingir o nosso objetivo, faltam-nos 5 ou 6 pontos para
“A NOSSA PRINCIPAL META É FAZER MELHOR DO QUE NA ÉPOCA PASSADA, QUANDO TERMINÁMOS NO 10º LUGAR” “[LUÍS CASTRO] NO FUNDO É UM GESTOR, GOSTA DE SABER TUDO O QUE SE PASSA NO FUTEBOL PROFISSIONAL DO CLUBE”
garantir a permanência. Só depois pensaremos nas renovações. Quem não é de Chaves provavelmente não sabe que o presidente da SAD vive em Lisboa. Como é para si dirigir o futebol do clube a 450 quilómetros de distância? FJC – É fácil. O Chaves tem uma estrutura familiar. O meu pai, o meu cunhado e o meu irmão estão presentes no dia a dia do clube. Eu estou quando posso, mas também, mesmo vivendo em Lisboa, acabo por participar em todas as decisões. Falamos por telefone cinco ou seis vezes por dia, estou por dentro de tudo.
Vai a todos os jogos em casa? FJC – Vou a quase todos. Falho um ou dois jogos por época, só não vou quando não posso por questões profissionais. O mais difícil é nas alturas dos mercados de transferências, nessas fases tenho de me dedicar totalmente ao futebol, deixando outras atividades profissionais, com a editora de música.
O Chaves tem uma boa média de assistências em casa, para um clube da vossa dimensão. Terem voltado à 1.ª Liga ajudou nesse crescimento?
FJC – Sim, o número de sócios aumentou, chegámos aos cinco mil, o que é muito bom.
Na maioria são pessoas de Chaves ou estão a conseguir ser o re-
presentante da região?
FJC – O sentimento de o clube representar Trás-os-Montes está a voltar. Muitos novos sócios são de Vila Real, Vila Pouca, Mirandela, pessoas de fora da cidade a deslocarem-se para ver o Desportivo. Queremos unir os transmontanos. Como diz o vosso hino: valentes transmontanos.
FJC - Sim, precisamos de todos. As pessoas devem identificar-se com o clube da sua região e defendê-lo. Neste caso, o Chaves foi o único que já chegou à 1ª Liga. *
“PRECISAMOS DE TODOS A APOIAR O DESPORTIVO. AS PESSOAS DEVEM IDENTIFICAR-SE COM O CLUBE DA SUA REGIÃO”