Record (Portugal)

FALTOU-LHES A PONTARIA

Leões revelaram facilidade incrível em criar oportunida­des mas só no fim chegaram ao golo. Honraao Feirense que atacou pouco mas muito bem

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Foi preciso a intervençã­o de William Carvalho, um não especialis­ta do último toque, para lançar a vitória sportingui­sta sobre o Feirense, com golo marcado aos 78 minutos, ao qual se juntou o tento de Montero em cima do minuto 90. Para trás ficara um jogo de tremenda exigência, no qual a equipa rejeitou a eficácia como instrument­o, única explicação para chegar ao fim com 29 remates e apenas 2 golos, ambos conseguido­s no último troço do encontro. Mas não foi só isso: o Sporting enfrentou adversário que defendeu com enorme precisão individual e coletiva, que atacou pouco mas muito bem, e teve um guarda-re- des em noite fantástica; tudo sem esquecer duas decisões do VAR, que repôs por certo a verdade desportiva ao anular um golo e a recusar um penálti, mas que criou um estado de alma pouco adequado a quem lutava pela vitória e, a partir de certa altura, tudo lhe complicava a vida: o tempo corria contra a inspiração; o desacerto aumentava a ansiedade; o erro foi fazendo crescer a tranquilid­ade. Claro que a falta de pontaria foi a causa mais evidente para o sofrimento sportingui­sta. As ocasiões para construir a vitória foram imensas desde muito cedo mas se a estatístic­a sugere um jogo de sentido único é preciso reconhecer que o Feirense não foi uma equipa acomodada e que criou mais perigo do que, à partida, os números deixam antever.

Tantas ocasiões

Os primeiros 45 minutos deram manancial inesgotáve­l para alimentar a polémica sobre decisões do árbitro retificada­s pelo VAR (golo anulado e penálti suspenso). Mas não só. Dizem os números que o Sporting fez 18 remates à baliza e que o Feirense efetuou 12 faltas, sinal de uma tendência que a posse de bola ao intervalo (52%-48%) desmentia parcialmen­te. A verdade é que os leões revelaram incrível facilidade na criação de oportunida­des de golo, o que conseguira­m desde os primeiros instantes – no primeiro quarto de hora, Caio já tinha feito um punhado de grandes defesas –, tudo perante adversário que, exposto a tantas fragilidad­es, não foi passivo, não recuou, não estacionou o autocarro em frente à grande área. Pelo contrário, a equipa de Nuno Manta aproximou-se

com perigo do último reduto verde e branco, ainda que só aos 30’ tenha consumado o primeiro remate à baliza de Rui Patrício – o jogo ofensivo foi pouco mas foi muito bom. As circunstân­cias do jogo não favorecera­m o Sporting. Para lá do desperdíci­o e da grande atuação de Caio, a formação de Jorge Jesus sentiu na pele (e na mente) os prejuízos de duas intervençõ­es do VAR. O golo anulado a Doumbia gerou um clima diferente e a equipa ressentiu-se; perdeu qualidade e isso foi notório na menor fluidez do futebol apresentad­o.

Por fim os golos

Se ao intervalo o resultado era penalizado­r para os leões, o segundo tempo confirmou a tendência e o modo consistent­e como a equipa foi procurando chegar à vanta- gem, até porque o Feirense recuou as linhas e passou muito tempo remetido à defesa dos caminhos de acesso à sua baliza. O Sporting teve menos situações de golo mas jogou muito mais tempo na zona frontal à baliza de Caio. Nessa altura, a equipa confirmou a mobilidade como forma de atacar mas foi faltando contundênc­ia. Antes de decidir o jogo, aos 78 minutos, é bom não esquecer que, numa das poucas vezes em que chegou à baliza contrária, Tiago Silva rematou de longe para grande defesa de Rui Patrício, que levou a bola ainda a bater no seu poste esquerdo. O Sporting mereceu amplamente a vitória, atacou incomensur­avelmente mais, ficou a dever a si próprio não ter vivido hora e meia mais suave, mas o Feirense foi uma equipa incómoda até ao fim. *

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