NÃO ERA PRECISO APANHAR SUSTO
Após 20 minutos apáticos, os leões assumiram o controlo do jogo, justificaram a reviravolta e ‘decidiram’ a eliminatória. E sem forçar a nota
Quando o Astana inaugurou o marcador logo aos 7 minutos, o cenário parecia complicado. Sofrer um golo a frio – apesar da cobertura do estádio, nem assim a temperatura era convidativa para uma equipa portuguesa –, tentar descobrir a melhor maneira de ultrapassar um piso sintético pouco recomendável e, claro, ter de lidar com uma formação galvanizada e empenhada em surpreender a Europa do futebol eram demasiados obstáculos para o Sporting. Ainda por cima, a viagem para o Cazaquistão nunca é fácil, a diferença horária tem o seu peso e a responsabilidade de eliminar um opositor menos cotado nem sempre ajuda o emblema mais forte. Durante os primeiros 20 minu- tos o caso foi efetivamente complicado. Não tanto pela capacidade dos cazaques – alguma qualidade nas transições rápidas, dois ou três elementos de boa valia técnica mas uma fragilidade imensa nos processos defensivos –, mas essencialmente porque os leões tardaram a ‘aparecer’ no encontro. Mas bastou Gelson Martins dar um sinal de que, jogando o normal, a equipa de Jorge Jesus iria conseguir deitar todos os problemas para detrás das costas e o susto inicial rapidamente se transformaria num jogo fácil, controlado sem grandes sobressaltos e onde o desfecho até podia (e devia) ter sido mais desequilibrado. Caso fosse necessário, aliás, tinha mesmo acontecido, pois os derradeiros 30 minutos já foram realizados com os leões em clara gestão. Do resultado e da respetiva condição física, já que na próxima segundafeira há jogo (importante) em Tondela para o campeonato. Apesar de Bruno Fernandes (principalmente através da sua reconhecida meia-distância) ter ameaçado o golo ainda no decorrer da primeira parte, o intervalo chegou com os locais na frente. Mas não devia ter sido assim. Só foi porque a equipa de arbitragem (sim, o árbitro, mas também os auxiliares que nada... auxiliaram) anulou um remate certeiro de Doumbia, alegando fora-de-jogo que facilmente se percebeu que não existia.
Reviravolta num ápice
Não contou o golo a fechar a metade inicial, mas não foi preciso esperar muito no segundo tempo para que o Sporting anulasse a desvantagem (48’), passasse para a frente (50’) e deixasse a eliminatória praticamente resolvida (56’). Em menos de dez minutos, a formação de Jorge Jesus – com Gelson e Bruno Fernandes a dar o exemplo – colocou no marcador a
evidente diferença de qualidade entre os dois emblemas e depois – bem e compreensivelmente – tratou de segurar a bola, baixar o ritmo e explicar aos cazaques que a sua aventura europeia desta temporada estás prestes a terminar. Sim, é virtualmente impossível que o Astana marque três golos em Alvalade. Como também custa imaginar que os leões, diante dos seus adeptos (como em qualquer outro local) não acertem na baliza contrária durante hora e meia de futebol. Surpresas acontecem, é certo, mas para o Sporting não seguir para os ‘oitavos’ será preciso uns quantos milagres... Contra a corrente do jogo e quando o que parecia provável era que a formação visitante voltasse a marcar – mesmo sem forçar, o resultado só não foi dilatado porque o guardião da casa fez umas quantas defesas de nível superior –, o Astana acertou um remate de longe no poste (89’). Anicic acreditou e o agora ‘trintão’ Rui Patrício não foi lesto a fazer-se ao lance. Mas, para que não restassem dúvidas, a partida fechou com mais uma ocasião de golo para o Sporting (90’+4). Bruno Fernandes ‘encheu o pé’ mas viu Nenad Eric rubricar nova ótima defesa. Aliás, neste duelo, só de penálti foi batido pelo português... *