ALERTA XADREZ
Treinador do Benfica defende que qualidade do futebol nacional tem de ser repensada para minimizar diferenças
Rui Vitória defendeu ontem uma melhoria da qualidade do futebol nacional, como forma de minimizar as diferenças para os colossos europeus. O treinador do Benfica considera que os portugueses têm de saber olhar para os exemplos estrangeiros. “Internamente, é fundamental não pensar que estamos na aldeia do Astérix, em que olhamos para isto e que nos referenciamos só entre nós. É preciso compararmonos com o estrangeiro. No Benfica, temos a preocupação de olhar para o que se passa pela Europa fora, mas é bom que o futebol português também pense e se coloque neste patamar”, disse.
Vitória, de 47 anos, havia sido questionado sobre o que era preciso para as equipas portuguesas se afirmarem no panorama europeu, à imagem da Seleção. “Num determinado nível, há momentos em que se vê a discrepância em re- lação a outras equipas. Há relação com poderio financeiro. Não é por acaso que as equipas com mais poderio são normalmente as que chegam às finais ou meias-finais, ou perto disso.”
O treinador apontou um caminho. “A intensidade dos nossos jogos tem de subir, a qualidade dos jogos tem de subir, os minutos de jogo... Há dias, comparei a liga portuguesa com outras, e somos a liga que menos minutos joga. Isto quer dizer que há muitos lançamentos, muitas paragens, há tudo muito. Isto tem de ser tudo repensado, porque senão o fosso pode cavar-se. E como poderemos diminuir isto? Ter a astúcia que os treinadores vão tendo, ter a capacidade de os clubes se reestruturarem melhor, ter uma melhor aposta na formação, melhores campos, mais público. Temos de arranjar forma de minimizar tudo isto, porque do ponto de vista financeiro vamos ter sempre esta ‘décalage’ enorme.”
“SOMOS A LIGA QUE MENOS MINUTOS JOGA. HÁ MUITOS LANÇAMENTOS, MUITAS PARAGENS, HÁ TUDO MUITO”
A vida dos outros...
Ainda assim, escusou-se a antecipar as consequências dos desaires, nos casos de FC Porto [derrota caseira por 5-0 com o Liverpool] e Sp. Braga [derrota por 3-0 em Marselha], e do desgaste das viagens, para o Sporting, que atuou em Astana. “O nosso foco é a nossa equipa. O trabalho dos outros é acessório. Não podemos controlar o estado de espírito dos adversários. Temos noção do que é jogar a uma quarta ou quinta-feira, regressar de uma viagem, vir de um resultado negativo e tenho o máximo respeito pelo FC Porto e pelo Sporting, mas isso é a vida deles e não a minha.”
O foco está no que falta do campeonato, não importando a dimensão dos adversários. “O campeonato vai decidir-se ao ponto. Não estou muito preocupado se é Boavista, Portimonense, Sporting ou Sp. Braga; todos nos causaram problemas, todos são importantes. Cada jogo é uma final e é esse o estado de espírito. Não podemos dizer qual é o jogo importante, se com um grande, um médio ou um pequeno.” *