O Rogério sombra
Algumas pessoas criticam o discurso do presidente do Sporting, por ser errático e inconsequente.
Pode ser que seja, mas há uma matéria em que o pensamento do presidente do Sporting sempre foi lúcido e articulado: são os assuntos de poder.
As movimentações que culminaram nas deliberações da última assembleia geral são justamente isso: afirmações de poder presente, alicerces de poder futuro.
Esta assembleia teve, ainda, o condão de clarificar o que o presidente do Sporting pensa dos sócios, o que deles espera e o significado e alcance da militância. Quem tivesse dúvidas, penso que ficaram dissipadas.
O presidente do Sporting decretou ainda o fim dos sportingados, alegadamente submersos pela onda plebiscitária que o sufragou. Estou, pois, oficialmente extinto.
Mas se os sportingados passaram à história, uma nova classe de suspeitos emerge: são os sombras.
E é aí que entra o dr. Rogério Alves.
Pensam que ele foi publica- mente verberado pelo presidente do Sporting, por causa de um ameno artigo que escre- veu na concorrência, constatando o óbvio, ou seja, que o timing da assembleia geral era inoportuno? Claro que não.
Pensam que o presidente do Sporting não estava farto de saber que o dr. Rogério Alves nunca exerceu qualquer cargo executivo no clube e nem por isso se coibiu de o criticar, por omissão, na denúncia de alegadas irregularidades pretéritas? Apenas um pequeno detalhe.
O QUE SE DIRIA DELE SE NA SEXTA-FEIRA NÃO FOSSE DEFENDER JESUS NA AÇÃO DO BENFICA... TRATA-SE DE ALGUÉM COM OBRA FEITA NA SUA VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL, É UM SPORTINGUISTA MILITANTE E POPULAR. POR PODER VIR A ASPIRAR A ALGO... HÁ QUE MARCAR EM CIMA
O dr. Rogério Alves é alguém que tem umamarca de excelência e obra feita na sua vida pessoal e profissional, é um sportinguista militante e popular junto dos sócios. É do clube, mas tem vida para além dele; por outras palavras, é alguém para quem os sócios se poderão virar, numa eventual situação de ocaso do deslumbre em curso.
Por isso foi atacado, os seus almoços escrutinados, os seus contactos monitorizados, os seus pensamentos, mesmo os mais recônditos, dissecados, e o veredicto veio inexorável: pode vir a aspirar, pode vir a fazer sombra, e, como tal, há que marcar em cima.
E estamos a falar do advogado que, já na sexta-feira, vai defender o nosso treinador, no início do julgamento da ação que o Benfica lhe intentou. O que se diria dele, se não fosse.
Esta lógica concentracionária de poder não convive com a sombra dos que se seguem.
Simplesmente, Rogério ou não, haverá sempre um senhor que se segue.