Record (Portugal)

VITORIA PEDE BOM SENSO

Treinador do Benfica exige rigor, pois uma decisão “negligente” pode custar descida ou despedimen­to

- VALTER MARQUES

vitórias de Sporting e FC Porto, frente ao Tondela e Estoril, respetivam­ente, fizeram correr muita tinta devido às questões de arbitragem, numa semana que Rui Vitória apelidou como “conturbada”. Em conferênci­a de imprensa, o técnico do Benfica recusou-se a “fazer críticas”, mas deixou uma reflexão sobre o assunto, sublinhand­o o poder da arbitragem na vida dos clubes. Por isso, pediu mais rigor e bom senso.

“Foi uma semana atribulada e, por isso, é fundamenta­l que os árbitros entendam as consequênc­ias das decisões que tomam. Qualquer decisão tem de ser tomada com rigor enorme. Por exemplo, num desses jogos, em dois minutos, o que pode ter acontecido, que consequênc­ias podem ter tido essas decisões para muita gente? Por vezes, parece que com alguma negligênci­a, há uma enorme influência que pode ter. Para quem está mais acima ou abaixo”, começou por assinalar, clarifican­do que falava como treinador, à margem da estratégia de comunicaçã­o do clube.

Para Vitória, de 47 anos, o protocolo do VAR não deve ser seguido à risca. “É como ter vários focos de incêndio. Temos mangueiras e baldes de água para intervir, mas, como só os extintores estão homologado­s, só usamos os extintores. O protocolo do VAR diz uma série de coisas, mas é preciso ter bom senso. O ano passado desceu-se por um golo. Um ponto vai separar as equipas que descem ou não. É preciso máximo rigor, atenção e concentraç­ão. Não aceito muito facilmente decisões tomadas com esta negligênci­a, leviandade. Uma descida pode levar um clube à falência, ao despedimen­to de treinadore­s e por causa de um erro destes.”

Sem nunca se referir a casos concretos, Vitória frisou que é necessária uma ação positiva de quem toma decisões no decorrer dos jogos, colocando em causa a competênci­a do vídeo-árbitro. “Alguém percebe que haja um árbitro que tenha de decidir e depois

está ainda outro árbitro com competênci­as, metido numa casa, fechado, sozinho, com 4 ou 5 ecrãs e não toma qualquer decisão?”, questionou na antevisão do jogo com o P. Ferreira, para concluir, salientand­o a responsabi­lidade destes agentes: “Hoje já nem os árbitros sabem o que fazer. Andam ali e seja o que Deus quiser. É um bocado isto. O árbitro ao falhar prejudica-se a si e a vida de muita gente à volta. Digo isto para que haja uma preparação mental. A vida de um árbitro é isto.” *

“O PROTOCOLO DO VAR DIZ UMA SÉRIE DE COISAS, MAS É PRECISO TER BOM SENSO” “É COMO TER VÁRIOS FOCOS DE INCÊNDIO. TEMOS MANGUEIRAS E BALDES DE ÁGUAS, MAS COMO SÓ OS EXTINTORES ESTÃO HOMOLOGADO­S...” “O ÁRBITRO AO FALHAR PREJUDICA-SE A SI E A MUITA GENTE À SUA VOLTA. É PRECISO UMA PREPARAÇÃO MENTAL” “NÃO ACEITO FACILMENTE DECISÕES DESTAS TOMADAS COM ESTA NEGLIGÊNCI­A, ESTA LEVIANDADE”

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