VITORIA PEDE BOM SENSO
Treinador do Benfica exige rigor, pois uma decisão “negligente” pode custar descida ou despedimento
vitórias de Sporting e FC Porto, frente ao Tondela e Estoril, respetivamente, fizeram correr muita tinta devido às questões de arbitragem, numa semana que Rui Vitória apelidou como “conturbada”. Em conferência de imprensa, o técnico do Benfica recusou-se a “fazer críticas”, mas deixou uma reflexão sobre o assunto, sublinhando o poder da arbitragem na vida dos clubes. Por isso, pediu mais rigor e bom senso.
“Foi uma semana atribulada e, por isso, é fundamental que os árbitros entendam as consequências das decisões que tomam. Qualquer decisão tem de ser tomada com rigor enorme. Por exemplo, num desses jogos, em dois minutos, o que pode ter acontecido, que consequências podem ter tido essas decisões para muita gente? Por vezes, parece que com alguma negligência, há uma enorme influência que pode ter. Para quem está mais acima ou abaixo”, começou por assinalar, clarificando que falava como treinador, à margem da estratégia de comunicação do clube.
Para Vitória, de 47 anos, o protocolo do VAR não deve ser seguido à risca. “É como ter vários focos de incêndio. Temos mangueiras e baldes de água para intervir, mas, como só os extintores estão homologados, só usamos os extintores. O protocolo do VAR diz uma série de coisas, mas é preciso ter bom senso. O ano passado desceu-se por um golo. Um ponto vai separar as equipas que descem ou não. É preciso máximo rigor, atenção e concentração. Não aceito muito facilmente decisões tomadas com esta negligência, leviandade. Uma descida pode levar um clube à falência, ao despedimento de treinadores e por causa de um erro destes.”
Sem nunca se referir a casos concretos, Vitória frisou que é necessária uma ação positiva de quem toma decisões no decorrer dos jogos, colocando em causa a competência do vídeo-árbitro. “Alguém percebe que haja um árbitro que tenha de decidir e depois
está ainda outro árbitro com competências, metido numa casa, fechado, sozinho, com 4 ou 5 ecrãs e não toma qualquer decisão?”, questionou na antevisão do jogo com o P. Ferreira, para concluir, salientando a responsabilidade destes agentes: “Hoje já nem os árbitros sabem o que fazer. Andam ali e seja o que Deus quiser. É um bocado isto. O árbitro ao falhar prejudica-se a si e a vida de muita gente à volta. Digo isto para que haja uma preparação mental. A vida de um árbitro é isto.” *
“O PROTOCOLO DO VAR DIZ UMA SÉRIE DE COISAS, MAS É PRECISO TER BOM SENSO” “É COMO TER VÁRIOS FOCOS DE INCÊNDIO. TEMOS MANGUEIRAS E BALDES DE ÁGUAS, MAS COMO SÓ OS EXTINTORES ESTÃO HOMOLOGADOS...” “O ÁRBITRO AO FALHAR PREJUDICA-SE A SI E A MUITA GENTE À SUA VOLTA. É PRECISO UMA PREPARAÇÃO MENTAL” “NÃO ACEITO FACILMENTE DECISÕES DESTAS TOMADAS COM ESTA NEGLIGÊNCIA, ESTA LEVIANDADE”