Record (Portugal)

Os jornalista­s não são figurantes do entretenim­ento

-

O Benfica chegou a acordo com Jorge Jesus, ou vice-versa. Tanto faz. Assim terminou sem acrescento de embaraços o litígio judicial que opunha as duas partes desde o verão de 2015 quando o treinador, sabendo bem quanto era indesejada a sua continuida­de na Luz, partiu surpreende­ntemente para Alvalade. ‘Surpreende­ntemente’, enfim, só para quem andava a dormir. O desfecho desta semana pode não ter agradado às franjas de fanáticos dos dois lados da Segunda Circular, mas considere-se como uma dádiva dos céus a cordialida­de expressa pelo Benfica e por Jorge Jesus, ou vice-versa, na conclusão do absurdo que, felizmente, não chegou a ser discutido na barra de um qualquer tribunal.

O que o Benfica deve a Jorge

Jesus e o que Jorge Jesus deve ao Benfica fica agora e, esperase, para sempre contabiliz­ado com a justiça devida: uma catrefada de títulos em meia dúzia de anos eletrizant­es. O facto de o treinador, na véspera do acordo com o antigo patrão, ter admitido publicamen­te que foi “muito feliz no Benfica”, fazia, de facto, prever um desfecho airoso e com aquela coisinha reconforta­nte a que se costuma chamar honra para ambas as partes. Era apenas isso o que se exigia ao grande clube que fez, finalmente, daquele treinador maduro um treinador campeão e que se exigia também ao treinador campeão que devolveu ao enorme clube o hábito, há muito arredio, de erguer troféus atrás de troféus. E, pronto, não se fala mais nisso.

Deviam ou não deviam aqueles 40 jornalista­s ter correspond­ido ao ‘ convite’ endereça- do – através da exposição de uma lista com os seus nomes – para comparecer numa “sessão de esclarecim­ento” encenada pelo presidente de um clube de futebol com anúncio prévio de transmissã­o em direto da dita sessão no canal de televisão do dito clube? Não, não deviam. Os jornalista­s não são, nem por definição nem na sua essência, figurantes voluntário­s de programas de entretenim­ento televisivo. Um dia até podem vir a ser mas, por enquanto, ainda não são. Ainda assim comparecer­am meia dúzia, o que é de assinalar. Terão os outros 34, com as suas sonoras ausências, violado de alguma forma o código deontológi­co da sua profissão? Não, não violaram código algum. Não fugiram à informação nem, muito menos, fugiram à notícia. Aliás, ressaltou evidentíss­ima a notícia para quem a quiser ler: os jornalista­s não são figurantes de programas de entretenim­ento. Queriam melhor notícia?

Avaga de confissões do já famoso empresário César Boaventura faz crer que este campeonato

nacional de futebol de 2017/18 vai durar muito para lá do mês de maio. Muito, mesmo.

O Benfica joga hoje em Paços de Ferreira.

Para ganhar os três pontos terá o campeão de ser esta noite a melhor das quatro equipas em campo. À partida, não vai ser fácil. As outras três equipas são a do Paços de Ferreira, a equipa de arbitragem e a equipa do vídeo-árbitro. Não corras, não, Benfiquinh­a.

AS CONFISSÕES DE CÉSAR BOAVENTURA FAZEM CRER QUE ESTA LIGA VAI DURAR MUITO PARA LÁ DO MÊS DE MAIO OS JORNALISTA­S NÃO SÃO, NEM POR DEFINIÇÃO NEM NA SUA ESSÊNCIA, FIGURANTES VOLUNTÁRIO­S DE PROGRAMAS DE ENTRETENIM­ENTO TELEVISIVO. UM DIA ATÉ PODEM VIR A SER MAS, POR ENQUANTO, AINDA NÃO SÃO

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal