Record (Portugal)

“SÓ QUERIA QUE ELE SAÍSSE DALI VIVO”

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Três de junho de 2006, data do acidente do seu filho, é a fronteira de um antes e um depois na sua vida. O que recordades­se dia? GODINHO LOPES - O meu filho mais velho, o Luís Miguel, vivia em Angola, onde trabalhava mas estava nesse fim de semana emPortugal a preparar a sua equipa de Horseball para um torneio no qual ele nem ia participar. Tinha 29 anos na altura e umavida completame­nte independen­te. Eu estava numa reunião no Sobral de Monte Agraço quando recebi um telefonema a avisar-me de que ele sofrera um acidente, tinha caído do cavalo e estava inanimado. Obviamente, a reunião acabou e dirigi-me para a Beloura. No caminho fui falando com o irmão, que me disse: ‘A ambulância já chegou e ele vai para Cascais’. Quando cheguei, ele, para além de estar inanimado, não conseguia respirar, já lhe tinham dado oxigénio. Mudou-se a rota para o Hospital de São Francisco Xavier e segui na ambulância. Foi um momento de choque e ao mesmo tempo pânico porque não sabíamos o que se ia passar a seguir.

Teve logo a noção da gravidade dasituação?

GL - Não. Nas urgências fizeramlhe logo uma TAC e outros exames. Pouco depois, o neurocirur­gião veio dizer-me que as zonas afetadas eram múltiplas, tinha uma lesão difusa, em vários locais do cérebro,

“É TUDO NOVO. CRIÁMOS A ASSOCIAÇÃO COM O OBJETIVO DE AJUDAR AS FAMÍLIAS A ENFRENTAR ESSA MUDANÇA”

que tinha morto vários neurónios, afetado várias zonas e, fruto disso, ele podia ficar sem andar, sem ver, ouvir, raciocinar ou perder a memória. Não deram um diagnóstic­o imediato mas nesse cenário as consequênc­ias eram múltiplas.

O que fez de seguida?

GL - Na altura já havia internet, estávamos em2006, e fui pesquisar. Vi que nos Estados Unidos havia um

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