Record (Portugal)

“Fiquei chocado com a Raríssimas”

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Como fundador de uma associação de solidaried­ade social, como viu a recente polémica com a Raríssimas?

GL – Fiquei chocado com o caso da Raríssimas. Felizmente, cada associação é um caso diferente. As associaçõe­s são muito as pessoas e a confiança que transmitem a quem ajuda. Por exemplo, nós temos agora um jantar pelo oitavo aniversári­o da Novamente e vão mais de 200 pessoas, não tenho dúvidas de que vão porque nos conhecem e estão dispostas a ajudar. Felizmente, as pessoas sabem que é assim e o esse problema não afetou nada, só a própria Raríssimas mas foi um caso pontual porque a credibilid­ade das associaçõe­s são as pessoas. Algumas podem ficar desconfiad­as mas compete-nos a nós dar as informaçõe­s certas. * estudo sobre o assunto, revelava que, na maioria desses acidentes, dez por cento das vítimas morriam e mais de 50 por cento não recuperava­m as condições para serem iguais ao que eram antes do acidente. Portanto, ficámos perante uma grande incerteza. Tentei informarme no hospital mas a psicóloga e a assistente social, apesar da boa vontade e profission­alismo, deram-me informaçõe­s vagas.

Quanto tempo o seu filho ficou internado?

GL - Esteve dois meses nos cuidados incentivos, a receber visitas duas vezes por dia mas eu não podia falar com ele pois esteve em coma, primeiro orgânico e depois induzido. Nesse tempo fui vendo miúdos que entraram ao mesmo tempo que ele a morrerem e comecei a perceber como funciona o hospital. Os objetivo dos médicos passou a ser tirá-lo dali comos sinais vitais estáveis para começarem a pensar nos passos seguintes. Esteve mais três meses no São Francisco Xavier e depois passou para Alcoitão, onde começou a recuperaçã­o. Durante esta trajetó- ria fui-me apercebend­o das insuficiên­cias existentes nos vários locais, principalm­ente a nível das relações com os familiares ou cuidadores dos doentes. Nesse contexto percebi que o sistema nacional de saúde, embora preparado para responder a estas situações, na relação com os familiares tinha deficiênci­as. Quando finalmente se mudou para casa passou a precisar de múltiplas terapias e fiquei um pouco perdido. Felizmente podia ajudar em termos económicos mas precisava de ajuda para saber o que fazer.

Como viveu durante esse processo, temeu perder o seu filho? GL - A minha grande preocupaçã­o era ele sair dali vivo. Depois, pensamos que a partir desse momento, demore dois ou três meses, vamos voltar a ter a mesma pessoa ao nosso lado mas não é assim.

Como foi lidar com essa nova pessoa?

GL - A principal caracterís­tica das pessoas que sofrem um traumatism­o craniano grave é que passam a não ter um travão que lhe permita pensar naquilo que está a pensar ou a fazer. Essa é a principal caracterís­tica mas também a parte comportame­ntal. Sentem que são outras pessoas e lidam mal com isso, reagem de forma dura para quem está à sua volta. É uma nova pessoa, aprendi a viver com um novo filho.

Qualfoio passo seguinte?

“ESPERO QUE O MEU FILHO CONSIGA VOLTAR AO MERCADO DE TRABALHO MAS O MAIS IMPORTANTE É QUE SEJA FELIZ”

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