Liberdade e responsabilidade
Mais do que proibições infantis, discursos sensacionalistas ou incentivos a boicotes, esta deve ser uma altura para uma reflexão séria entre jornalistas desportivos e dirigentes de clubes. Todos fazem parte de indústria de milhões, que tão bem representa o país fora de portas, e insiste em diminuir-se e atacarse internamente.
Jornalistas e dirigentes não têm de andar de braço dado (nem devem, perante a liberdade e distanciamento que se exige ao jornalismo), mas precisam de perceber que não são – nem têm de ser – inimigos.
O boicote pedido por Bruno de Carvalho na última AG leonina peca pela generalização. No seu entender, em re-
JORNALISTAS E DIRIGENTES NÃO TÊM DE ANDAR DE BRAÇO DADO, MAS NÃO
lação ao Sporting e a ele próprio, nenhum órgão independente faz um tratamento sério e isento. Atenção: este pedido, por mais desajustado que possa parecer, está longe de ser uma invenção de Bruno de Carvalho. Basta olhar para a história do futebol português nos últimos 30 anos (para não ir mais longe) e ver outros discursos presidencialistas muito semelhantes no conteúdo.
Bruno de Carvalho, porém, terá razão numa parte: algum jornalismo desportivo que se faz hoje em Portugal é afetado por uma crescente falta de rigor e isenção. Da mesma forma, tal como ele fez, há uma vontade constante dos dirigentes – especialmente dos principais clubes – em controlarem a comunicação social como fazem com os jornais e televisões das suas instituições. Nenhum dos dois caminhos é bom. Porque uns não vivem sem os outros. Não podem é continuar a viver assim.