Record (Portugal)

A OUTRA VIDA DE GODINHO LOPES

Em 2006, o filho mais velho do ex-presidente do Sporting sofreu um acidente grave. Enfrentar a nova realidade de Luís Miguel levou o antigo dirigente a fundar a associação Novamente, para apoio às vítimas de traumatism­o craniano

- TEXTOS MIGUEL AMARO FOTOS PEDRO FERREIRA

“Todos temos duas vidas: uma anda à tona da água, outra está submersa”, escreveu Bertolt Brecht, no século XX, para uma das suas peças de teatro. A forma como o dramaturgo alemão apresentou esta sua máxima deixava no ar um lado menos positivo para a segunda das vidas, mas nem sempre é assim. A História está cheia de exemplos de pessoas cujo lado menos conhecido das suas existência­s foi dedicado aos outros, a boas causas, a ajudar terceiros simplesmen­te pelo prazer de o fazer, para se sentirem úteis ou preenchida­s.

Serve este preâmbulo para ir ao encontro da história do cidadão Luís Filipe Fernandes David Godinho Lopes, 65 anos, engenheiro civil e empresário de sucesso. Tornou-se conhecido da maioria dos portuguese­s quando venceu as eleições para a presidênci­a do Sporting, em 2011, cargo que ocupou até 2013. Essa, voltando à fra- se de Bertolt Brecht, é a sua vida à tona de água. A outra, a submersa, foi o mote para a conversa de Record com um homem normalment­e associado ao futebol ou ao imobiliári­o. Godinho Lopes fundou, em fevereiro de 2010, a Novamente, associação sem fins lucrativos de apoio às vitimas de TCE (traumatism­o cranioence­fálico) e às respetivas famílias. Pessoas a quem um acidente mudou a vida, na maioria dos casos para situações difíceis de lidar no dia a dia. Confrontad­o com a dura realidade de ver a vida do seu filho mais velho, Luís Miguel, sofrer uma mudança abrupta, Godinho Lopes adaptou-se e começou a lutar para melhorar alguns dos problemas com os quais se deparou. A associação Novamente festejou há dias o seu oitavo aniversári­o e durante estes oito anos apoiou centenas de vítimas que sofreram com um problema idêntico ao do seu filho. Sem levar a conversa para o lado mais dramático da situação, o antigo presidente do Sporting contou ao nosso jornal como a sua vida mudou nos últimos anos. Falou da esperança de poder proporcion­ar uma vida melhor a Luís Miguel e a outras vítimas de acidentes como o que o afetou. Falou, no fundo, sobre a sua outra vida. *

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