“O MEU PERCURSO PODIA TER SIDO COMO O DO PATRÍCIO” RUI NEREU
O guarda-redes, de 32 anos, iniciou a sua carreira no Benfica, jogando inclusivamente na Liga dos Campeões. Esta época representava o Freamunde, mas teve de deixar o clube. Agora, está livre e procura “um bom projeto”
A saída do Freamunde deixou-o com um amargo de boca?
RUI NEREU – Não, até porque na primeira época que fui para lá vivi momentos inesquecíveis, como subir de divisão e ser campeão. Todo o plantel acabou por sair valorizado pelo futebol que praticámos. Foi muito bom para todos nós e, quer queiramos quer não, quando isso acontece acaba-se por ganhar um carinho ao clube e às pessoas da cidade. Sempre me receberam de braços abertos, sempre me trataram muito bem e daí eu ter criado uma grande empatia com o clube e com a própria cidade.
O processo de rescisão está entregue ao Sindicato dos Jogadores. Foi uma ajuda preciosa? RN – O Sindicato foi uma grande ajuda, até mesmo financeiramente, como foi tornado público. Mas neste momento apenas quero regressar aos relvados.
Já recebeu alguma proposta? Está disponível para jogar no estrangeiro, umavez que nunca saiu de Portugal? RN – Neste momento estou aberto a qualquer situação, a qualquer oferta; como é óbvio, desde que seja do meu agrado. Tanto em Portugal como no estrangeiro. O que quero realmente é voltar aos relvados, fazer aquilo de que mais gosto e ajudar a equipa. Sou um jogador ambicioso, gosto de bons projetos, de equipas com ambição de subir de divisão ou de serem campeãs.
Recuemos até à época 2005/06, quando se estreou pelo Benfica. Pode descrever o que sentiu? RN – É algo que nunca vou esquecer. Foi lá que cresci como jogador e como homem. Foi lá que me ensinaram praticamente tudo. Fiz os anos todos de formação, entrei para lá com 8 anos e fui até aos seniores. Tive a felicidade, e como é óbvio também trabalhei para isso, de conseguir alcançar o sonho de qualquer criança que faz a formação naquela casa, que é jogar pela equipa principal. Consegui com o meu esforço, podemos dizer com um bocado de sorte ou não, mas também faz parte de quem trabalha, e consegui atingir o meu objetivo, que era jogar pelos seniores. Como é óbvio, soube a pouco, gostaria de ter tido mais oportunida- des, mas o futebol é mesmo assim.
Sendo praticamente contemporâneo de Rui Patrício, como vê o percurso do guarda-redes da Seleção Nacional? Pensa que poderia ter feito algo semelhante?
RN – Sim, o meu percurso poderia ter sido idêntico ao do Rui Patrício, porque sei da qualidade que tenho, senão não teria feito a formação toda no Benfica desde os 8 anos, sempre a jogar. Se foi falta de aposta, se não foi, isso já é uma incógni- ta. Mas, sim, sinto que poderia ter feito melhor e ainda posso, pois ainda me sinto jovem e capaz de ajudar qualquer equipa de qualquer divisão.
Ainda estava na Luz quando o Bruno Varela chegou ao clube para os iniciados. Como vê agora a aposta do Benfica no jovem guarda-redes português?
RN – Não me lembro muito bem do Varela, mas assim que ele começou a jogar na equipa B passei a seguir mais o trabalho dele. E tiro-lhe o chapéu pela maneira como se tem comportado este ano. Ele começou a jogar e cometeu um erro, no Bessa, que só não comete quem não está lá e elogio a maneira como ele soube lidar com isso. O facto de ter saído e estar novamente a jogar só me indica que é uma pessoa que nunca baixou os braços, que nunca demonstrou azia ou então demonstrou-a com trabalho, e isso é muito importante. *
“TIRO-LHE O CHAPÉU [SOBRE BRUNO VARELA] PELA MANEIRA COMO SE TEM COMPORTADO ESTA TEMPORADA”