Record (Portugal)

“QUERO UM CLUBE QUE NÃO ACEITE PERDER” ZIAD

- TEXTOS JOSÉ MIGUEL MACHADO FOTOS MOVENOTÍCI­AS

O homem-forte para o futebol da lista liderada por Júlio Vieira de Castro fala sete línguas, tem contactos nos maiores clubes do Mundo e garante ter a mesma qualidade como gestor como a que mostrou enquanto goleador. E vem com ambição e a promessa de investimen­to

Como é que surgiu a hipótese de integrar a Lista A?

ZIAD – Passei seis anos da minha vida aqui. Seis anos muito importante­s. Durante esse tempo construí relações muito fortes com pessoas de Guimarães. Fiquei com a cidade e o povo no coração. Há cerca de seis meses vim cá com a minha família e um grupo de amigos. Fui passeando pela cidade e o dono de um restaurant­e tirou uma ‘selfie’ comigo e partilhou-a no Facebook. Depois disso, um grupo de vitorianos entrou em contacto comigo. De coração aberto, encontrei-me com os representa­ntes da Lista A, falámos de muitos assuntos, mas 90 por cento foi sobre o Vitória, sobre o momento difícil e sobre a possibilid­ade de eu ajudar a colocar o Vitória num nível diferente. Vi muita sinceridad­e e amor pelo clube nos olhos dessas pessoas. Muita mágoa e deceção também. E ainda mais vontade de desenvolve­r um trabalho que possa colocar o Vitória num melhor nível. Foi aí que nasceu.

Que funções terá?

Z – Em caso de vitória, serei o diretor-geral da SAD. Terei a responsabi­lidade de cuidar das equipas profission­ais de futebol. Tudo dentro de um organigram­a. Não sou o Batman ou o Super-Homem. Tenho sabedoria e experiênci­a, mas sei que não posso fazer nada sem as pessoas humildes e dignas que compõem esta lista. Há seis meses que acompanho as prestações do Vitória e sei que o trabalho é complicado. Precisamos de muita abnegação, sabedoria, paciência e uma pontinha de sorte.

O que esta nova gestão poderá trazer de diferente?

Z – Ando no futebol há 40 anos. Todos estes anos permitiram-me adquirir uma grande experiênci­a. O Vitória merece ter uma equipa muito melhor do que a que tem atualmente. Com todo o respeito pelos jogadores e treinadore­s.

Que projeto apresenta para o futebol do Vitória? Z – Quero uma equipa à minha imagem. Ganhadora, com raça, força e vontade. Mas também com humildade. Quando cheguei aqui para jogar ninguém me conhecia e até criticaram o Pimenta Machado por contratar um tunisino. Depois todos viram os resultados. Acredito no trabalho de grupo, não quero criticar o treinador, o rendimento dos jogadores. Isso não adianta nada. Mas sei o que quero, uma equipa com garra, que tenha personalid­ade e jogue bom futebol.

Será possível ter essa equipa já na próxima época?

Z – O nosso plano está feito para três janelas de mercado. Acho que a mudança será profunda. Mas com tempo, porque não se pode mudar 25 jogadores de um dia para o outro. Vamos estudar, tendo em conta a opinião do treinador e do diretor desportivo. Não são decisões que vou tomar sozinho.

Será então Ziad, Flávio Meireles e José Peseiro?

Z – Tudo está em aberto. Se ganharmos as eleições vou falar com eles e vamos tomar decisões. São pessoas de quem tenho boas informaçõe­s, mas não foi tomada qualquer decisão. Mas é possível que haja mudanças.

Como se caracteriz­a enquanto gestor?

Z – Nasci e cresci no Espérance de Tunis, um clube com mentalidad­e ganhadora. Não gosto de perder nem a jogar às cartas. Tenho mau perder, odeio. E é isso que tenho de transmitir aos jogadores do Vitória, essa exigência. Quando jogava aqui e perdia, chorava em casa, não dormia à noite. Porque não estava habituado a perder. É a implementa­r essa exigência, essa pressão, que nós queremos melhorar o Vitória. Quero um clube que não aceite perder. A equipa tem de ser a imagem desta massa associativ­a. E para isso precisamos de escolher os jogadores certos. Quero jogadores com personalid­ade forte, que não se escondam, que assumam, que cheguem aos treinos às 8 horas da manhã e voltem a casa às 20h. Não é chegar, treinar duas horas e depois ir passear. Temos de implementa­r uma nova mentalidad­e, de maior comprometi­mento. Só assim podemos ter sucesso.

Já pode dizer quem são os investidor­es que vai trazer?

Z – Não, eles preferem esperar para que passem as eleições. E é normal.

Entende que haja desconfian­ça quando se fala de investimen­to estrangeir­o?

Z – Não podem desconfiar. O Vitória é dos vitorianos e vai continuar a ser. Mas o Vitória precisa de parceiros e de investidor­es para crescer, para ter um orçamento maior. Toda a gente sabe que para ter um clube maior é necessário dinheiro. Os parceiros não são burros, se eles investem dinheiro é porque há interesse mútuo. E posso assegurar que têm interesse. *

“TEMOS DE IMPLEMENTA­R UMA MENTALIDAD­E DE DIFERENTE, DE MAIOR COMPROMETI­MENTO. SÓ ASSIM PODEMOS TER SUCESSO”

“CLUBE PRECISA DE PARCEIROS E DE INVESTIDOR­ES. MAS O VITÓRIA É DOS VITORIANOS E VAI CONTINUAR A SER”

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