Record (Portugal)

'HA BASES SOLIDAS PARA PODRER SONHAR

Peça-chave na reestrutur­ação que o Vitória passou nos últimos seis anos, o vice-presidente para a área do futebol acredita que o melhor ainda está para vir e desconfia das intenções da concorrênc­ia

- JOSÉ MIGUEL MACHADO FOTOS SIMÃO FREITAS

consigo à frente do futebol que o Vitória terá mais possibilid­ades de se aproximar dos quatro clubes que têm dominado? ARMANDO MARQUES – Não tenho dúvidas nenhumas disso. O que detetámos ao longo destes anos, com todas as dificuldad­es, é que uma das razões para que o sucesso não seja contínuo está relacionad­a com a forma como o clube está estruturad­o. O que fizemos foi preparar o clube e organizá-lo para que, cada vez mais, tenha uma estrutura para ter sucesso.

Qual é a estratégia para os próximos três anos?

AM – O que posso assegurar é que o Vitória hoje está muito melhor preparado do que estava há cinco anos. Temos uma base, suportada por uma equipa B criada por nós, quando toda a gente nos chamava loucos. Muitos olharam para nós como um caso perdido. Esse projeto que começámos foi a alavanca que necessitáv­amos para catapultar o Vitória para outros voos. O Vitória está mais bem preparado e tem bases sólidas para fazer sonhar os vitorianos. E é isso que nós vamos fazer, mostrar ao mundo do futebol que

“TEMOS DE DIZER ALGO CREDÍVEL. HÁ SEIS ANOS PEGÁMOS NESTE CLUBE E TUDO AQUILO QUE PROMETEMOS CUMPRIMOS”

somos credíveis, e mostrar aos atletas que temos um projeto em que eles podem confiar e acreditar. Muito brevemente vamos fazer sonhar os vitorianos.

Fazer sonhar os vitorianos é o quê?

AM – O céu é o limite. O Vitória está a criar uma estrutura para se bater com os melhores. Nunca poderemos cometer a infantilid­ade de prometer aos vitorianos que para o ano vamos ser campeões e que daqui a três vamos estar a disputar a Champions. Temos de dizer algo que seja credível. Há seis anos pegámos neste clube e tudo aquilo que prometemos, cumprimos. Se numa ou noutra situação as nossas expectativ­as eram maiores e não foram concretiza­das, como esta época, isso deixanos tristes, mas com a certeza de que soubemos onde errámos. E há uma certeza que não nos larga no dia a dia, sabemos que os erros do passado não se vão repetir. O erro foi sempre assumido por nós, mas nunca entramos no desespero de hipotecar o futuro do clube. Se nós assumimos que algumas coisas correram menos bem esta época, e é obvio, também seria óbvio que, em ano de eleições, hipotecáss­emos o que tínhamos e o que não tínhamos só para salvaguard­ar a nossa parte. Isso não aconteceu. Os sócios até nos podem acusar de não acertar em tudo, mas nunca denegrimos a imagem do clube. Disso nunca nos podem acusar, porque fazemos as coisas de forma racional, sabemos o que estamos a fazer.

Teme que os sócios tenham memória curta nas eleições?

AM – Os vitorianos nunca tiveram memória curta. Estamos a 4 meses de entrar num novo contrato televisivo, em que os vitorianos poderão ter a esperança de que o inves- timento na equipa poderá aumentar substancia­lmente. E vêm agora umas pessoas dizerem que eles é que são os verdadeiro­s vitorianos, cheios de projetos para salvar e dignificar o clube. Mas onde estava essa gente em 2012? Onde é que estavam em 2015? Não os vi… Alguns andavam a voar por essa Europa fora. Não vinham cá há dezenas de anos, tornam-se sócios em janeiro e agora vêm com a bola de cristal dizer que são a solução para o problema do Vitória. Mas o problema do Vitória já foi lá atrás. Os vitorianos são diferentes, claro que têm memória. Sabem reconhecer quem fez muito por este clube. Vão dar uma resposta nas eleições, porque são justos.

Que mais-valia pode trazer este acordo recentemen­te conseguido com o Paris SG?

AM – Essa parceria será estudada ao pormenor pelo presidente e por Mário Ferreira, porque o acionista também foi contactado nesse sentido. Sabe de tudo, sabe quem serão os intervenie­ntes nessa reunião já marcada em Paris. Será algo muito positivo para o Vitória. Há vários intervenie­ntes. Mário Ferreira estará na linha da frente e nos inícios de abril estará com o presi- dente a ultimar essa parceria.

Deco é um parceiro que vai continuar a ajudar o Vitória?

AM – O Deco ajuda o Vitória na mesma medida em que o Vitória ajuda o Deco. Mas ele, numa fase difícil, acreditou no Vitória. Investiu em determinad­os atletas e acreditou na capacidade de valorizaçã­o dos atletas no Vitória.

Quando Raphinha chegou, confiou que iria atingir este nível? AM – No primeiro treino, ele estava a fazer finalizaçã­o e eu disse ao Vítor Campelos que tinha um toque diferencia­do. Ao fim de uma semana, o Vítor Campelos estava a dizer-me que tínhamos ali uma pérola. Nunca duvidei, mas a sua vinda só foi possível por termos um parceiro como o Deco. *

“VITORIANOS TÊM MEMÓRIA, SABEM RECONHECER QUEM FEZ MUITO PELO CLUBE E VÃO DAR UMA RESPOSTA NAS ELEIÇÕES”

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ARMANDO MARQUES

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