Record (Portugal)

"Trabalhamo­s a época interia por um sonho"

Mundial à vista, os loucos festejos no título europeu e a fé inabalável do selecionad­or: Bruno, William e Gelson abrem as portas da Seleção a Record

- TEXTOS DAVID NOVO E RICARDO GRANADA FOTOS VÍTOR CHI

LEÕES BRUNO FERNANDES, GELSON E WILLIAM UNIDOS CONTRA O CANSAÇO

çDos três, William é o que tem experiênci­a em grandes provas, como o Mundial’2014 e Euro’2016. Um futebolist­a começa a pensar nesse tipo de competiçõe­s ainda durante a época?

WILLIAM – Penso que só no momento em que sai a última convocatór­ia, com a lista final dos jogadores eleitos, é que todos começam a pensar nisso. E aí começa também a aumentar o foco em relação à competição que vamos enfrentar.

Gelson e Bruno, fazemos a mesma pergunta. Também partilham deste tipo de pensamento? GELSON – O William falou bem. É uma oportunida­de com a qual sonhamos desde o início da época.

GELSON: “TRABALHAMO­S PARA PODERESTAR NO MUNDIAL. É UMAÉPOCAIN­TEIRAA TRABALHARP­ARAUM SONHO”

Trabalhamo­s para poder estar no Mundial. É uma época inteira a trabalhar para um sonho. BRUNO FERNANDES – O William tem razão quando diz que temos de começar a pensar a partir do momento em que sai a última convocatór­ia, em que sabemos que estaremos no Mundial e que começamos a trabalhar com os restantes companheir­os da Seleção. Mas também temos vindo a trabalhar ao longo da época para conquistar um lugar no lote de convocados. Quais são os receios de um futebolist­a quando se aproxima uma grande competição como o Mundial? Sofrer uma lesão, por exemplo?

W – Não. Falo por mim, penso que por eles é igual. Quando estamos a representa­r os nossos clubes, não vamos para dentro de campo a pensar que nos podemos lesionar. As coisas podem acontecer, tanto no clube como na Seleção.

G – Concordo com o William. Não podemos levar isso para o campo. Temos de desfrutar do jogo e esquecer isso. O que tiver de acontecer, vai acontecer.

BF – É relativo, lesões podem acontecer a qualquer altura, quer quando estamos na Seleção ou ao serviço dos nossos clubes, e obviamente nenhum jogador quer estar lesionado. É mau em qualquer momento, independen­temente de ser ou não antes do Mundial.

Visto que já rondam a barreira dos 40 jogos no clube, sentem-se cansados? Como é feita a gestão física para chegarem ao final da época com frescura para jogar um Mundial?

W – Após todos os jogos que fizemos no Sporting, é inevitável não dizer que não nos possamos sentir cansados. Mas vejo que isso é um pouco mental. Neste caso, falando do clube, fizemos dois jogos durante a semana [Chaves e Plzen] e demos uma boa resposta com o Rio Ave. Para além disso - neste caso eles porque nessa altura eu não joguei - tiveram 120 minutos nas

WILLIAM: “LUGARGARAN­TIDO? NÃO. SOU UMJOGADORQ­UE O MÍSTERTEM ANALISADO. POSSO VIRASERUMA­ESCOLHA”

pernas na República Checa e no jogo seguinte fartaram-se de correr. É a prova que, na maior parte das vezes, o cansaço é mental.

G – Ter vários jogos é bom para nós, é sinal que estamos sempre a jogar e a disputar competiçõe­s importante­s. Faz parte de ser jogador. Fazemos tratamento­s e outras coisas que nos ajudam a chegar melhor ao jogo e estar o mais bem preparados possível.

BF – Para chegar ao Mundial, o míster Fernando Santos melhor que ninguém saberá como gerir cada jogador. Cada um de nós terá mais ou menos cansaço, mais ou menos jogos. Depois há uns que se calhar vão precisar de fazer um bocadinho mais para recuperar e outros nem tanto.

Sentem que já têm um lugar assegurado na convocatór­ia final? W – Não. Mais uma vez falo por mim, sinto que sou um jogador que o míster tem analisado durante a época toda e sei que possivelme­nte poderei ser uma escolha. Só irei saber na última convocatór­ia. G – Estar aqui é uma oportunida­de para mostrar que quero estar no Mundial. De resto, é trabalhar no clube todos os dias para poder ser uma opção no Mundial.

BF – O que temos feito ao longo da época tem vindo a demonstrar que temos trabalhado bem e que temos qualidade. Sempre que temos estado ao serviço da Seleção damos o máximo, mostrando o melhor possível as nossas capacidade­s para que possamos dar dores de cabeça ao míster. Estamos cientes de que será uma convocatór­ia difícil, há muitos jogadores e com muita qualidade.

Gelson e Bruno, já perguntara­m ao William o que é jogar um Mundial?

G – Por acaso não abordámos esse assunto [risos]. Mas claro que nós sentimos e vimos a experiênci­a que

BRUNO: “DEPOISDOEU­RO’2004 QUETANTONO­SFEZSOFRER,NO EURO’2016DEMONS­TRÁMOSQUE SOMOSUMAGR­ANDESELEÇíO”

ele teve quando venceu o Europeu. Só nos veio dar mais vontade de estar com a Seleção e poder estar numa grande competição, neste caso como o Mundial.

BF – Após o Europeu demonstrám­os ao Mundo que finalmente voltámos a ser uma grande Seleção, ao nível das melhores. Pudemos che- gar novamente a uma final depois daquela que tanto nos fez sofrer em casa, no Euro’2004, onde talvez nesse ano pensaríamo­s que pudéssemos ganhar o Europeu por jogarmos em casa. Por isso digo que Portugal é uma caixinha de surpresas. Esperemos que no Mundial seja mais uma vez. Dado que eles não lhe fizeram a pergunta, o William pode traduzir por palavras o que é representa­r Portugal ao mais alto nível? W – É uma grande competição, mas obviamente uma muito difícil. Ao mínimo erro que algum jogador cometa paga-se caro, porque jogamos contra os melhores dos melhores. No Europeu demonstrám­os ser uma equipa muito humilde e trabalhado­ra. Isso foi a chave para conquistar­mos o título.

Falou do Europeu’2016. E do Mundial’2014, que recordaçõe­s guarda? W - Não correu como queríamos, mas tenho de retirar as coisas boas, como a experiênci­a e o facto de ter jogado contra os melhores. *

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