Record (Portugal)

“HOLANDA TEM DE JOGAR À VOLTA DE BAS DOST”

Triste por não ver o seu país em mais uma fase final de uma grande prova, o antigo avançado do Benfica, de 48 anos, pede mais craques holandeses e deixa elogios ao trabalho que o dianteiro do Sporting tem feito em Portugal

- TEXTOS PEDRO GONÇALO PINTO ZURIQUE

“NÃO TEMOS JOGADORES TÃO TALENTOSOS COMO DANTES. FALTAM CRAQUES, PRINCIPALM­ENTE NO ATAQUE”

Imagino que um jogo entre Portugal e Holanda seja especial para si...

PIERRE VAN HOOIJDONK – É sempre especial. Gosto muito de estar em Portugal e de ver a Seleção portuguesa também. Mas nunca foi nada fácil jogar contra vocês. Que recordaçõe­s tem da temporada no Benfica?

PVH – Não foi a melhor época do Benfica, mas ainda consegui marcar 24 golos em 35 jogos. Momento especial? A vitória contra o FC Porto, por 2-1, com dois golos meus foi o ponto alto. Continua a seguir o futebol português?

PVH – Claro. Recentemen­te estive em Londres e lanchei num café em que estava a dar o FC Porto-Tottenham para a UEFA Youth League. Gostei muito de os ver. Arrisca dizer quem vai conquistar o campeonato?

PVH – Existe muita competição entre os três grandes e as diferenças são muito pequenas. Será muito interessan­te ver quem será o campeão, mas não arrisco. Bas Dost tem brilhado no Sporting. O que pensa dele? PVH – Bas Dost tem feito um trabalho inacreditá­vel ao serviço do Sporting, com muito sucesso e mérito. No entanto, ainda há muitas dúvidas sobre o Bas na Holanda. Tem a ver com a falta de assiduidad­e na seleção. É que não vemos o Bas Dost do Sporting na seleção nacional. Mas é indiscutív­el que tem marcado tantos golos ao ponto de fazer sentido pô-lo na equipa, jogar em função dele e dar oportunida­de de brilhar. Pode sair do Sporting para um grande da Europa?

PVH – Está a fazer um trabalho incrível no Sporting, mas não dá para um dos grandes da Europa. Os pontas-de-lança puros como ele estão a deixar de ter utilidade. Ele pode mudar um jogo, mas chegar a um clube como um Manchester United e ser o avançado principal… não dá. Está na melhor forma da carreira, mas atenção: o Sporting é um clube mais pequeno. Tem de ser a referência da seleção?

PVH – Tendo alguém que faz muitos golos, faz sentido construir a equipa à sua volta. A Holanda tem de jogar à volta dele. É normal tentar dar mais bola ao avançado e se não resultar é que se aposta noutro.

Mas o que é que se passa, afinal, com a seleção holandesa?

PVH – Não temos jogadores tão talentosos como antes. Continuamo­s com bons jogadores, mas faltam craques, principalm­ente no ataque, como Robben, Van Persie ou Sneijder. São eles que podem fazer a diferença.

Koeman pode ser a salvação? PVH – Continua a não haver craques, mas Koeman tem capacidade para dar um espírito e uma tática diferentes do que tínhamos nos últimos anos. Vai apostar num futebol menos atacante, mas a olhar mais para o adversário e a saber melhor aquilo que tem pela frente. É uma pessoa muito dura e frontal e isso será muito importante para meter a cabeça da seleção no sítio. Pode construir uma equipa e não um grupo de jogadores.

Quão difícil é chegar mais uma fase final sem a Holanda estar lá? PVH – Custa muito olhar para o Mundial e não ver a Holanda lá. Na minha geração íamos a todas as fases finais…

Sem a Holanda na Rússia, Portugal pode conquistar o Mundial? PVH – Acredito que Portugal pode ganhar o Mundial. Disse que iam conquistar o Europeu e isso aconteceu. Pode ser que dê sorte! *

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