TES TES DE SANTOS CORRERAM MAL
“A responsabilidade é minha”
Foi uma noite para esquecer, com exibição fraquíssima e resultado totalmente inadequado aos pergaminhos de uma equipa que é campeã da Europa. Portugal nunca se entusiasmou, preferiu a lengalenga de uma posse de bola sem agressividade e, sem perceber como nem porquê, chegou ao intervalo a perder por 0-3. Que os holandeses foram muito eficazes, não há a menor dúvida; que os portugueses foram muito incompetentes, leves e desinspirados, também não. Mas pior ainda do que o resultado foi a sensação de desperdício: Fernando Santos tinha excelente oportunidade para ver jogadores e sustentar melhor as opções para o futuro mais ou menos próximo, mas pouco (ou nada) do que viu lhe ofereceu matéria para as sustentar. Com tudo o que de negativo encerra a ideia, o jogo com os holandeses serviu para nada. Rigorosamente nada. E essa é a conclusão mais penalizante a tirar da hora e meia.
A inércia deu três golos aos holandeses, a revolta no início do segundo tempo não foi suficiente para alterar o resultado e a expulsão de João Cancelo (61’), com meia hora pela frente, inviabilizou o sucesso. No troço final do jogo, a Seleção criou alguns lances de perigo, que puseram à prova a qualidade de Cillessen; mas o orgulho ferido pelos números excessivos do resultado de nada valeram e, face a tanto desvario, nem ao golo 1.000 Portugal conseguiu chegar.
Tão incompetentes
A primeira parte da Seleção foi uma desgraça – há muito não se via uma equipa nacional tão desinspirada, frágil, desarticulada, lenta e dócil. Perante adversário na expectativa, Portugal exibiu-se com falta de intensidade, dinâmica, alegria e agressividade; a Holanda sentiu-se confortável com o futebol lento e lateralizado dos portugueses e, a vencer desde o minuto 12, revelou tranquilidade para lidar com cada passo do jogo. Os cam- peões da Europa foram uma sombra de si próprios, assentando o seu futebol lento numa posse inócua, incompetente e sem profundidade; que serviu apenas para roubar a bola ao adversário mas não para agredi-lo – os dois remates à baliza de Cillessen foram de Bruno Fernandes, aos 39’ e 42’. Contrapondo à leveza da equipa de Fernando Santos, os holandeses elevaram à máxima potência o pragmatismo, o cinismo e a eficácia – chegaram ao intervalo com três golos apontados em cinco remates. Defenderam-se com facilidade impressionante e foram aparando as tentativas contrárias sem
grande esforço e, a partir de certa altura, até com um sorriso nos lábios. E nem o avolumar da derrota, que atingiu números indecentes ao fim dos primeiros 45 minutos, estimulou a reação de uma equipa sem soluções, apática e sem sentido coletivo. Ao intervalo, Portugal estava encostado às cordas e na iminência de sofrer uma derrota que, a correr tudo mal, podia assumir números históricos.
Esperança e expulsão
O arranque do segundo tempo revelou uma equipa diferente que, em cinco minutos, foi mais perigosa e rematou mais vezes do que nos três quartos de hora anteriores. Três minutos bastaram para revelar outro espírito face ao desenrolar dos acontecimentos, projetando ataque mais consistente à baliza contrária. Gelson trouxe acutilância ao flanco, deu profundidade ao jogo mas a aposta sofreu rude golpe logo a seguir com a expulsão de João Cancelo – a jogar com menos um, o extremo do Sporting foi obrigado a fazer todo o flanco. Condicionado pelo resultado e pela inferioridade numérica, Portugal nunca alimentou a esperança da reviravolta. O mais que tentou, já no troço final, foi minorar os estragos com um golo que, em boa verdade, esteve prestes a conseguir em duas ou três ocasiões. *