Record (Portugal)

O antigo adjunto do Special One recorda os primeiros tempos do treinador em Leiria, mas também fala da sua carreira e das peripécias que viveu nos Emirados Árabes Unidos e no Brasil. Agora, anda pelo Luxemburgo, onde quer fazer história

- TEXTOS RICARDO VASCONCELO­S FOTOS RICARDO JR

Foi colega de equipa de José Mourinho no Rio Ave no início da década de 80. Como é que, em2001, surgiu o convite para ser adjunto dele em Leiria?

BALTEMAR BRITO - O Mourinho tinha 19 anos e eu 30. Naquela altura, o convívio entre nós não foi assim tão grande, mas senti que ele me admirava e respeitava como jogador. Passados dois anos fui jogar para o V. Setúbal e ainda estivemos algumas vezes juntos. Penso que essa admiração por mim ficou sempre. Na década de 90, ele veio para o FC Porto para adjunto e também nos encontrámo­s uma ou outra vez. Depois perdemos o rasto… Foi com surpresa quando me ligou anos mais tarde. Perguntou o que eu andava a fazer e se queria ser seu adjunto na U. Leiria.

Mesmo não sabendo o que ele valia como treinador.

BB - Sim, não fazia a mínima ideia. Depois esteve um mês sem falar comigo e até pensei que tivesse sido uma brincadeir­a. Até que marcámos uma reunião. Eu, ele e o Rui Faria, e foi aí que nos indicou o que pretendia de nós. Ele gostava de dividir o plantel, quase nunca trabalha o mesmo exercício com todos os jogadores ao mesmo tempo, e éramos nós que dávamos esses treinos. Viu logo que ele era especial? BB - Não. Logo nos primeiros treinos vimos que ele era diferente, mas, confesso, cheguei a andar apreensivo porque ele trabalhava pouco. No meu tempo era treinar até ‘morrer’. Os treinos de quarta e quinta-feira, principalm­ente, eram muito duros. Às vezes até almoçava em casa para aguentar o treino da tarde. Ao domingo nem sequer aguentava as massagens porque estava com as pernas todas doridas. Quando vi que o Mourinho só queria trabalhar com bola e que tinha uma enorme preocupaçã­o com a recuperaçã­o, fiquei apreensivo e até comentei com o Rui Faria que aquilo não ia dar certo, que não íamos aguentar a pedalada quando começassem os jogos porque treinávamo­s pouco. Eu, com 50 anos, às vezes treinava com os jogadores e aguentava perfeitame­nte o ritmo. Quando os jogos começaram parecia que os nossos jogadores andavam de bicicleta e os outros a pé… Aí, já se via que o Mourinho ia longe. *

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